quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

“O meu mundo”


O Mundo, o meu mundo….

Todos nós temos um mundo, um mundo que criamos na nossa cabeça e que, muitas vezes, nos faz sonhar e viver na ânsia, de um dia, chegarmos lá, onde nos leva o sonho.

Já lá vão alguns anos, em que fiquei conhecida como “o mundo” no meio académico, entre amigas que hoje fizeram questão de me lembrar de uma alcunha que tem história e que nunca mais foi esquecida, pelo menos, entre as pessoas que a viveram.

Esta manhã ri e fiquei com saudades desse tempo, um tempo em que o "meu mundo" era as festas académicas, as noites, os “conbibios” com os amigos e vá, durante o dia, as aulas em busca de um Nietzsche que, de tantas qualidades que tinha, se transformou, na minha cabeça ,num “mundo”!

Tudo aconteceu, logo no primeiro ano do curso de Jornalismo, naquela casa que era uma escola – a Escola Superior de Jornalismo, ali na Avenida da Boavista, no Porto - numa qualquer aula de filosofia, numa sala, estranhamente, cheia de alunos, em que professor com o olhar no infinito - como lhe era apanágio - falava das qualidades do filólogo e filósofo alemão do século XIX.

Eis senão quando, no silêncio daquele espaço, cheio de alunos, mas já cada um no seu mundo, bem longe, certamente, da sala - uma sala que, em tempos, tinha sido um espaço de lazer, da bonita casa senhorial em plena avenida - se ouve uma voz que vinha lá do outro mundo, um mundo perdido em pensamentos que teimavam em ser perturbados pela baixa voz do professor de barba e com olhar distante, a dizer: “É o Nietzsche é um mundo”, ao que o professor prontamente respondeu: “É isso mesmo, é um mundo”.

A partir desse dia, em que o “meu mundo” me atraiçoou e me fez soltar aquela frase num tom alto o suficiente para que o professor ouvisse, que fiquei conhecida como “o mundo”, uma alcunha que ainda hoje as outras personagens da cena, passada naquela sala que era de aulas, mas que, em tempos, tinha sido de baile, fazem questão de lembrar.

E de facto, posso ser “um mundo”, um mundo onde elas (essas que viveram o momento) e todos os meus amigos têm lugar, um lugar cativo, em que lhes tento dar o melhor que o meu “mundo” tem…

No “meu mundo”, não há lugar a confusões, nem a tristezas, embora elas, às vezes (mais do que as que eu queria), tentem entrar, mas que, com esforço e com a ajuda dessas pessoas que fazem parte desse “meu mundo”, consigo afastá-las.

O “meu mundo” leva-me muitas vezes para longe, para bem longe e faz-me sonhar…Faz-me sonhar em como seria se eu tivesse vivido noutra época, se eu tivesse escolhido outro caminho, e outras coisas que tais, mas o “meu mundo” também me acorda e me diz “a tua realidade é esta e é nela que tens de acreditar para conseguires ser feliz”.

É nesses momentos, em que o “meu mundo” me abana e me diz “Wake up” que eu ganho fôlego para regressar ao mundo real com a força que é necessária para superar e afastar as adversidades e as pedras que se me apresentam pelo caminho!





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