segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

A amizade é uma planta que tem de ser regada todos os dias







«A amizade é como uma planta, que temos de regar todos os dias, porque se não ela morre. Amizade não é depender do outro, é ter aquela coisa quente de  alguém que está preocupado comigo” – ouvi esta definição da boca de um actor português, num programa de sábado à tarde e fiquei a pensar nela.
De facto, amizade é isso mesmo, como ele dizia, “é pegar no telefone e perguntar: estás bem, dói-te a cabeça?”. No fundo é ligar só para dizer “eu estou aqui”.
Na vida achamos que temos muitos amigos, que podemos contar com muitas pessoas se estivermos num momento de aflição, mas, na verdade, quem é que nos liga só para saber como estamos? Poucos, muito poucos, aqueles que realmente escolhemos para nos acompanhar na nossa vida e nos mostram que valeu a pena a escolha.
Na vida, conhecemos muitas pessoas, umas que passam e nunca mais nos lembramos, outras que nos marcam, mas que não nos acompanham, e outras ainda que nos acompanham na caminhada da nossa vida.
No meu percurso, tenho vários exemplos das diferentes hipóteses.
Quando era mais pequena, é verdade, tinha mais facilidade de fazer amizades, se bem que nunca tenha sido de as fazer por tudo e por nada. Antes de me dar, analiso, pondero, esmiúço ao máximo os prós e os contras. Só depois de ter a certeza (ou pelo menos achar que sim) é que fazia e faço desses conhecidos, amigos.
Com tantas cautelas, não fiz assim tantos amigos na vida, mas fiz os suficientes, para ser feliz e para ter alguém ao meu lado sempre que preciso, sempre que o sol não brilha cá dentro.
Com o passar dos anos, tornei-me ainda mais selectiva e fazer amizades, só mesmo com certezas e essas absolutas, e, nos últimos anos, posso contar pelos dedos de uma mão, os novos amigos que fiz, que, embora não sejam muitos, são muito bons.
Não vou dizer que não me desiludi com as minhas escolhas, claro que sim. Houve pessoas a quem me dei, que não mereciam, que me magoaram, como certamente, houve pessoas às quais eu não correspondi como deveria, mas a vida é assim mesmo.
Na mesma entrevista, o actor que dá pelo nome de Manuel Cavaco dizia “oxalá, tenhas um amigo na hora da morte” – isto para dizer que não é necessário termos muitos amigos – ou que se dizem amigos - o que importa é ter, pelo menos um (no sentido figurado), que lá esteja nos bons e nos maus momentos.
Eu posso dizer que sou uma privilegiada, tenho de facto alguns desses de quem o Manuel Cavaco falava no programa “Alta Definição”.
Na mesma conversa, o actor, entre as histórias da sua vida, marcadas pelo trauma da guerra colonial, todas as vezes que se referia à família e aos amigos, a voz embargava-se de emoção – mostrando, sem precisar de falar, a importância daqueles a quem quer bem.
Numa conversa, em que confessou não ser um bom conversador, ser tímido e sem grandes histórias para revelar, lá foi dizendo frases chave que eu guardei e analisei.
Dizia o senhor, cujo percurso de vida já lhe dá algum estatuto, que “gosta de gostar”.
Quem não gosta de gostar? Quem não gosta de dar e receber? Isto é uma verdade, que raramente pensamos e que raramente dizemos, mas que nos acompanha.
Eu também gosto de gostar de quem está ao meu lado, de quem me faz bem. Gosto de dizer que gosto, gosto de lembrar que estou lá, gosto de estar perto dos que mais amo.
Dizia ele “não pedimos para nascer, nem para morrer, portanto temos de aproveitar o meio”. 
E que melhor forma de aproveitar o meio, senão junto dos amigos, junto daqueles que são o nosso porto de abrigo?




Sem comentários:

Enviar um comentário