segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

"Eu fiz parte"


Como há dias e pessoas que marcam a história e a vida da gente, também há locais que nos marcam para sempre….

No sábado, tive ainda mais essa certeza, ao entrar numa praça onde, em tempos, fui muito feliz!

Fizesse chuva, fizesse sol, lá estava eu e a colega que se tornou amiga, numa qualquer esplanada da Oliveira, em pleno centro histórico de Guimarães, onde o cinzento das pedras que cobrem as casas dão o mote para uma bela tarde de conversa (aquelas conversas onde se diz tudo e não se diz nada), onde o sol brilha, mesmo que esteja encoberto pelas nuvens…

A magia da praça - onde se cruza cultura, religião e animação, onde o museu Alberto Sampaio se encosta à igreja de Nossa Senhora da Oliveira, e a igreja nunca perde de vista os bares e as esplanadas que ficam ali mesmo em frente, apenas separados pelo Padrão do Salado e pela praça de calçada portuguesa com a árvore que lhe dá nome no meio - deixa apaixonado quem por ali passa.

Já vi a praça deserta, já vi a praça cheia de gente, já vi a praça em dia de chuva e em dia de sol tórrido… Mas no sábado, vi uma praça repleta de pessoas de todas as raças, de todos as cores, de todas as nacionalidades – gente que ali se deslocou para respirar cultura, num concelho, numa cidade que é berço da nação, mas que é muitas vezes esquecida!

“Tu fazes parte”, é o lema para esta Capital Europeia da Cultura e eu quero fazer parte… Já faço parte da cidade onde nasci, de onde sou natural no BI e que adoptei como uma das minhas cidades quando o destino profissional me levou a conhecê-la mais e melhor há uns anos.

Lá, aprendi o que os bancos da escola não foram capazes de o fazer, lá fiz amigos (amigos daqueles para a vida, daqueles que jamais esqueço), lá conheci pessoas que guardo bem cá dentro, onde poucos têm a sorte de estar.

Desde pequena que ouvia dizer que em Guimarães tinha nascido Portugal e, talvez por isso, nunca tenha dado muita importância ao facto, até que, um dia, fui lá parar e tive oportunidade de descobrir um bocadinho da cidade que deu origem ao país que somos.

Depois de me embrenhar no meio, de conhecer o sr Joaquim, o único oleiro da cidade, as tasquinhas, o alfaiate ali do centro histórico, um dos poucos que ainda usava a tesoura e a máquina de costura para dar forma a um qualquer tecido, as festas Nicolinas, a euforia dos adeptos do Vitória (com um fervor como não há em mais lado nenhum), comecei a perceber a magia de uma terra onde tudo tem história e apaixonei-me por uma cidade que tem o castelo como emblema.

É verdade, vou muitas vezes à cidade berço, mas no sábado foi diferente…

O ambiente era diferente, a azáfama era grande ali no Toural, para que nada faltasse nesse espectáculo dos Furia dels Baus, um espectáculo que marcava o arranque de um ano cheio de cultura na cidade.

Ao final do dia, a praça, agora despida de árvores, enchia-se de gente, gente expectante de saber o que a CEC tinha para dar, para apresentar.

À hora marcada, quando os ponteiros da igreja de S. Pedro marcavam 22H00, na praça, repleta de curiosos e jornalistas de todo o mundo, o espectáculo começou com o D. Afonso Henriques a ser o grande protagonista e a descer como que vindo dos céus a percorrer a praça de um lado ao outro, preso por um cabo, que certamente, lá no seu tempo, não existia!

A partir daí foi um cruzar de passado, presente e futuro…Um espectáculo que agarrou aqueles que ali se deslocaram até ao fim, para depois poderem dizer “eu fiz parte”.

Eu fui um desses. E posso dizer que foi com orgulho que “fiz parte”!

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