segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

Uns morreram outros nasceram na minha vida



No final de cada ano, somos convidados a fazer o balanço da nossa passagem por este mundo. O meu ano, o meu 2013, o que dizer….
Foi mais um ano em que vivi experiências boas e outras menos boas. Mas não me posso queixar, porque, no meio de todas elas, as boas superam.
Ao fim de 365 dias, posso dizer que chorei, ri, tive momentos felizes, outros nem tanto, conheci pessoas extraordinárias, libertei-me de outras que pareciam perfeitas e não o eram. Enfim….foi um ano de luta, uma luta intensa por trabalho, um ano de experiências extraordinárias, com pessoas também elas perfeitas.
Àqueles que “matei” na minha vida, desejo um novo ano cheio de coisas boas e agradeço terem-se mostrado, porque, assim, fizeram-me um favor - o de me libertar do que não interessa ao meu mundo. O meu mundo é feito de verdade, com pessoas verdadeiras!

Aos que nasceram e aos que permanecem desde sempre, agradeço e peço que continuem a fazer parte, porque é com eles que quero caminhar, é por eles que rio, que sou feliz!

Feliz 2014!!!!!!!!!!!!!!

quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

O meu natal – o nosso natal




A casa da tia Quina enche-se de gente no dia 24 para festejar o Natal. A família é grande (são só 13 irmãos, juntando mais sobrinhos, filhos dos sobrinhos, primos, enfim…). A cada ano que passa, a felicidade de nos juntarmos é grande. A casa enche-se de sorrisos, gargalhadas e muitas recordações.
O patriarca, esse, fica ali a olhar, já sem entender muitas das conversas, mas alegre por juntar os filhos e os netos. Os donos da casa não param, felizes por juntarem a família e porque a casa se enche de vida (confesso que, sem estes dois, a família seria certamente bem mais pobre).
À volta das panelas, a tia Quina lá vai trabalhando e dizendo as suas piadas, o tio Mário trata da bebida para que na hora do jantar nada falhe. As tias ajudam no resto das coisas e a lareira aquece ainda mais o ambiente, já ele bem quente de amor e alegria.
À hora de jantar, todos se sentam e as batatas e o bacalhau vão para a mesa. Enquanto se come e bebe, as histórias surgem a cada instante. Fala-se de tudo e de nada - conversas só interrompidas pelo tio Mário, com um “encha o copo”.
Depois das sobremesas é hora de jogar o loto, ou como se diz na família, o quino. Mas faltam os que não jantaram connosco - são mais tios e primos. Ficamos à espera e quando estes chegam, lá se começa a jogatana.
O chefe da casa começa a “cantar” as pedras e, quando a voz começa a falhar, enche o copo, o dele e dos restantes. Assim se fazem horas até à chegada do pai natal. 
Do outro lado da casa, ouve-se “ohohohohoh”. Abre-se a porta, e lá aparece o homem de barba branquinha, roupa vermelha e os óculos de sol, para que não seja reconhecido. As sacas com as prendas começam a ser abertas, cada uma com o nome da pessoa a quem se destina e inicia-se assim, uma hora de entrega e abertura de presentes.
A noite já vai longa, mas a conversa, as brincadeiras, as risadas e as piadas continuam, com o lume a fazer companhia e a família unida.
A noite termina já quando o sono nos domina e é hora de vestir os casacos e ir para casa, para regressar amanhã, na hora de almoço, para mais do mesmo!


segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

Um dia vou escrever um romance...para já começo por um ensaio (Cap. IV)




Cap. IV

A beleza do amanhecer fê-la pensar no excelente fim de semana que passou. Um sorriso, nos lábios, cabelo atrás da orelha e, finalmente, carrega no acelerador rumo ao trabalho.


O dia era igual a todos os outros, o mesmo itinerário, as mesmas ruas, as mesmas pessoas…. Mas para Camila, hoje tudo parecia diferente. Em tudo via beleza, cumprimentava todas as pessoas, como se as conhece, e a música, essa tocava bem alto no seu leitor de cd’s. “Beautiful day”, dos U2, nada melhor, nesta segunda de manhã.
Estaciona o carro, baixa o som do rádio, e encosta a cabaça ao banco, sorrindo ao lembrar-se das aventuras de final de semana.
Hoje tudo parecia diferente, as cores, os brilhos, até mesmo os próprios alunos.
Como de costume, Camila já estava na sala de aula quando a campainha avisou os alunos que estava na hora. Eles entraram e reparam no brilho dos seus olhos, que era, sem dúvida, diferente. Uns mais atrevidos comentaram e ela, sorrindo corada, lá mudou de assunto, mas não desmentiu.

O gosto por falar, por contar estórias da história, era, de fato, algo que lhe enchia o ego e a fazia esquecer tudo resto. O seu envolvimento com a sua profissão fazia-a esquecer o mundo. Muitas vezes, até o telemóvel passava despercebido, mas, nesse dia, não.
A campainha voltou a tocar, era hora de saída para descanso e enquanto os alunos deixavam a sala de aula, Camila não conseguiu esperar e foi direta à carteira ver o telemóvel.
Tinha uma mensagem. Pensou, “é do José”. Sorriu para o telemóvel, sentindo-se uma adolescente, desesperada para saber o que dizia. O semblante mudou e Camila ficou incrédula - a mensagem era de António.
“Bom dia. Há muito que não te falo, mas gostava de saber se está tudo bem. Tenho saudades”, dizia.
Ao ler aquilo, os olhos de Camila encheram-se de lágrimas e raiva. “Este homem não me deixa em paz. Agora que as coisas começam a mudar para mim, ele volta a aparecer”, pensou.
Camila decidiu desligar o telemóvel e continuar o seu dia. A manhã decorreu normalmente e o telemóvel continuava na carteira desligado para não atrapalhar os seus pensamentos.

Como não tinha aulas da parte da tarde, Camila decidiu convidar a melhor amiga, Joana, e ir até ao Shopping.
No caminho, a professora não resistiu e contou o seu fim de semana e o que tinha acontecido de manhã. Joana ficou feliz e disse a Camila desconfiar que António tenha terminado a relação que o fez esquecer-se dela.

- Não caias. Ele deixou de te falar sem mais nem para quê. E agora vem com falinhas mansas. Não te fies. Relativamente ao José, investe, ele é um querido. – disse Joana.

Camila ficou calada com os pensamentos longe e apercebendo-se que a amiga tinha terminado respondeu.

- Ele tinha de aparecer agora. Foi um fim de semana tão bom, mal me lembrei dele e hoje de manhã aquela mensagem.

Ao lembrar-se da mensagem, recordou-se também que tinha desligado o telemóvel. Voltou de novo à carteira, ligou-o e tinha duas mensagens. Uma de José e mais uma de António.
António dizia que estava arrependido de se ter afastado, que queria falar com ela e José relembrava o fim de semana, dizendo que queria repetir, não só ao fim de semana, mas, se possível, todos os dias.
Os olhos dela sorriram, ficou feliz. A mensagem do António ficou a marinar, ao contrário, a de José merecia resposta. “Mas o que responder?”, pensou e perguntou a Joana.
Joana que tinha um feitio mais pró, mais ativo, mais à frente, aconselhou-a a dizer “anda já hoje”. Claro que Camila não o fez, era muito ponderada, muito “pés assentes na terra”.
Depois de pensar, respondeu “Eu também gostei do fim de semana. O futuro, vamos fazê-lo lentamente”. Do outro lado, a resposta foi um sorriso e um beijo.

O telemóvel voltou para o saco e as duas lá foram para o Shopping, onde percorreram as lojas todas, viram todas as tendências, comprando aqui e ali. Quando se aperceberam era hora de jantar. Comeram por ali mesmo e no final voltaram a casa.

- Boa noite. Gostei muito, como o costume – disse Joana ao sair do carro.

- Eu também, agora vamos dormir que amanhã regressamos ao trabalho – respondeu Camila, arrancando.

Entrou em casa, colocou as chaves na prateleira da entrada e sentou-se finalmente no sofá, apercebendo-se que estava com dores nas pernas (pudera, depois de uma tarde sem parar no shopping). Decidiu pegar no telemóvel e lá tinha uma mensagem de José, mais uma mensagem querida de alguém que estava claramente a querer conquistar. Ela respondeu no mesmo “tom” e começou ali uma troca de mensagens que só terminou de madrugada, quando ambos se deixaram vencer pelo sono, tendo, antes disso, combinado café para o dia seguinte à noite.

A terça feira parecia não terminar, Camila só pensava como seria, o que devia fazer ao chegar perto dele, como reagir. Que roupa vestir, como arranjar o cabelo….o toque da campainha fê-la saltar da cadeira e os alunos sorriram. Era a última aula e Camila tinha de ir para casa arranjar-se.

Saiu da escola e no caminho de casa, encontrou António na rua que ficou com olhar triste a olhar para dentro do carro. Ela que ficou com a mesma sensação de tristeza, não demonstrou, fez de conta que não o viu e olhou para a frente, sorrindo, embora, por dentro, lhe apetece chorar. Decidiu não fazê-lo porque, daí a pouco, iria estar bem, com alguém que era especial, alguém que a fazia sentir especial.

21H00 em ponto, a hora combinada, a campainha de casa toca. O coração de Camila tremeu, mas ela controlou-se e abriu a porta. O embaraço começou logo ali, nem um nem outro sabiam muito bem como se cumprimentar. Até que José tomou as rédeas e deu-lhe um beijo leve nos lábios.
Camila convidou-o a entrar, levando-o até à sala, enquanto foi calçar-se. Pronta, entrou na sala e sentiu-se completamente observada da cabeça aos pés. Corou e ainda não recomposta, José diz-lhe que está linda.
Ela sorriu, muito embaraçada e disse: – Vamos.

Foram até um bar, conversaram, trocaram uns carinhos, falaram do trabalho, dos alunos de Camila e dos problemas informáticos que José tinha resolvido nas últimas horas, já que era engenheiro informático.
Quando olharam para o relógio, já era tarde. Decidiram pagar e ir embora. Ao chegar a casa, Camila não o convidou para entrar, era tarde, e sabia que se entrasse, poderia ser perigoso. Deu-lhe um beijo de boa noite e despediu-se.
Ele ficou a olhar enquanto ela entrava em casa. Ao fechar a porta, Camila sorriu e pensou que estava a começar a interessar-se por aquele sorriso maroto de José, mas isso era algo que não queria, porque tinha sofrido muito e ainda não tinha passado muito tempo.
“Não, não vou deixar de me dar uma oportunidade só porque um idiota me magoou”, pensou e foi dormir.

As semanas foram passando, todas as manhãs, Camila era acordada com uma mensagem de bom dia, enviada por José, e quase todos os dias se encontravam, sendo que os fins de semana já eram pensados em conjunto. No entanto, não falavam de namoro, diziam-se amigos.


O sorriso de Camila transformou-se, a alegria de viver e de amar começou a ganhar forma e António só surgia na sua cabeça quando ele próprio fazia questão de a lembrar que existia.

sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

O mundo ficou mais pobre




Esta sexta-feira acorda mais pobre, o mundo perdeu um exemplo de luta pelos direitos humanos, de luta pela igualdade e pelo bem da humanidade.
Aos 95 anos, depois de uma vida dedicada aos outros, Nelson Mandela deixa-nos, mas ficamos com a certeza que fez um mundo melhor.
Dizia aquele que viveu para os outros que “o homem corajoso não é aquele que não sente medo, mas sim aquele que vence o medo”. Ele próprio venceu o medo, o medo de represálias, o medo da vingança, o medo de lutar por um povo.
O negro que fez história nunca cruzou os braços, nem deixou que aquilo que era comum, aquilo que todos viam, mas não tentavam mudar, perpetuasse no tempo. Mandela quis mais, Madiba, como ficou conhecido, sofreu horrores, mas não parou, não se resignou à sua condição e lutou sem olhar para trás.
O homem que lutou pela educação, pelos direitos, pela vida, na cadeia, deixou o mundo dos vivos, mas lá, onde quer que esteja, continuará a lutar pelo bem, pela igualdade, num mundo que idealizava como sendo igual para todos. “Sonho com o dia em que todos compreenderão que foram feitos para viverem como irmãos», disse um dia.
Nelson que lutou com palavras, que sempre acreditou que a educação era o pilar, a base de tudo, despediu-se de um mundo que era o seu, mas que queria muito melhor. Conseguiu mudá-lo em muito, mas não, como certamente, queria.
Mandela disse um dia: «ninguém nasce a odiar outra pessoa pela cor de sua pele, pela sua origem ou pela sua religião. Para odiar, as pessoas é preciso aprender. E se as pessoas podem aprender a odiar, podem ser ensinadas a amar». Nem mais, amemo-nos e digamos sempre que nos apetecer, independentemente da cor, da crença religiosa, do estatuto social, que gostamos, porque somos todos iguais e devemos viver como tal.
De resto, termino com mais um pensamento deste grande homem que sempre viveu para os outros:

«Há vitórias que são importantes apenas para aqueles que as conseguem».

terça-feira, 3 de dezembro de 2013

Um dia vou escrever um romance...para já começo por um ensaio (Cap. III)



Cap III

O dia solarengo desperta Camila do sono às 9H00 da manhã de domingo. Os raios de sol entram pela janela, iluminando o rosto da mulher que acorda para um novo dia.

Já pronta para sair de casa, Camila, que tinha evitado durante toda a manhã pensar na noite de ontem, recorda o beijo com José. Sorriu e pensou no quanto tinha gostado, decidindo, no entanto, deixar esses pensamentos para mais tarde. Agora tinha de se despachar. Fechou a porta e dirigiu-se a casa do pais, já que era domingo, dia da família se reunir.
Depois dos cumprimentos, lá se sentaram a mesa - uma mesa grande, com toda a família reunida. As conversas, essas eram banais, sobre o tempo, o estado do país, e, claro está, o estado civil de Camila, que tinha de vir sempre à conversa.
- E tu quando nos apresentas um namorado? – A pergunta que Camila detestava, mas que a mãe adorava fazer.
- Um dia destes. - Respondeu ela, tentando mudar rapidamente de assunto, mas, ao mesmo tempo, recordando o beijo de, ontem à noite.
A confusão instalou-se à mesa, uns a dizer que estava mais que na hora, outros a referir que estava bem melhor assim.
Todos davam palpites sobre a sua vida e ela já enervada, nada dizia, porque sabia que não adiantava. Era o costume e, portanto, por mais que dissesse que ninguém tinha nada a ver com esse assunto, eles não prestariam atenção.

Camila decidiu passar a tarde em casa, a descansar e a colocar - pelo menos tentar - as ideias no lugar.
Sentou-se no sofá, cobriu-se com uma manta e começou a procurar um filme para ver ou um programa animado. Lá foi andando para trás e para a frente não dando oportunidade a ninguém de entrar pelo ecrã mais de cinco segundos, até que o sono tomou conta de si.
Acordou uma hora depois e lembrou-se do sonho que tivera. José entrou nele e foi muito bom. Pegou no telefone e pensou em ligar, ou então enviar mensagem. “É melhor não. Fico à espera que ele diga alguma coisa” – pensou, mas a vontade de falar com ele era mais forte.
Ao fim de um tempo, lá ganhou coragem e enviou uma mensagem a José nada comprometedora, apenas cumprimentando e desejando um bom resto de fim de semana. “Mensagem enviada. E agora, será que resp….”, antes que terminasse o pensamento, o telefone toca. José respondeu com a mesma cordialidade, mas com um bocadinho mais de atrevimento. “Obrigada e porque não terminarmos o fim de semana juntos?”.
“Oh não, e agora que respondo? Fui eu que provoquei e não sei o que dizer” – um friozinho na barriga e Camila fica ali uns instantes que pareceram uma eternidade a pensar numa resposta, até que o telefone volta a tocar. Era novamente o José. “Então, não achas que é um bom programa?”. Lá estava ele a provocar, porque a conhecia e sabia que ela estava baralhada, sem saber o que responder.
Camila decidiu então convidá-lo para um café lá em casa.
“O quê? Será que estou a ler bem?” – voltou a provocar. Ela já irritada com a troça, respondeu fria: “Olha não volto a dizer nada, se quiseres vir, vens, se não quiseres, temos pena. Eu estou em casa”.
O telemóvel não voltou a tocar. Passou meia hora e nada. Ela ficou a pensar que tinha sido demasiado fria e que ele acusou o toque, mas, por outro lado, achava que tinha feito bem. Apesar de tentar pensar que aquilo não a afetava, não era verdade. Começou a ficar nervosa, a olhar para o telefone a cada instante e nada. Até que a campainha de casa tocou e ela sorriu.
Abriu a porta um pouco envergonhada e, do lado de fora, lá estava ele, bem vestido, com um sorriso de orelha a orelha e olhar maroto.
- Com que então: “se quiseres vir anda, se não quiseres temos pena?”. A menina é muito atrevida.
- Parece que querias que te pedisse por favor. (disse com voz baixa e rosto corado).
Ele entrou e sentou-se no sofá, partilhando a manta de Camila.
Conversaram sobre tudo e sobre nada, riram, fizeram palhaçadas, parecendo duas crianças, numa tarde bem passada, sem dúvida. Numa das brincadeiras, José aproximou-se demasiado dos lábios de Camila e o calor subiu. A vontade do beijo era notória nos dois, os olhares cruzaram-se e o beijo aconteceu. A intensidade foi a mesma do da noite anterior. “Mas o que será isto?” – pensava ela, enquanto o beijava. Enquanto ela dava largas à imaginação, ele acariciava os seus cabelos lisos e sedosos, com uma suavidade que só ele conseguia.

O final de tarde foi tudo menos o que Camila imaginou desde que acordou.  Passou tão rápido que quando olharam para o relógio já era hora de jantar. Ela decidiu fazer alguma coisa para ambos e ele ficou até de madrugada.
Ao sair, José despediu-se com um beijo na testa, dizendo “Até amanhã”.
“Ui” – pensou ela enquanto fechava a porta. “Amanhã vou estar com ele outra vez?”. Esqueceu por momentos, desvalorizando.
Depois de arrumar, Camila deitou-se e, mais uma vez, começou a pensar no que estava a acontecer e no quanto estava a gostar. O sorriso nos seus lábios foi abalado por um sentimento de tristeza quando na sua cabeça pairou a imagem de António. Ela amou-o tanto que esquecê-lo, era difícil. Pensar que podia ter estado ali com ele, imaginar como seria a vida com ele, como poderia ser feliz…
“Esquece isso, Camila” – dizia a si própria. “Tens alguém que se importa contigo, para quê continuares a pensar naquela pessoa que não te quer?”- pensava.
Os pensamentos levaram-na até um sono profundo, só abalado pelo som do despertado na manhã de segunda feira.

A semana estava a começar e Camila sentia-se rejuvenescida. Rosto brilhante, cabelos soltos, lisos e sedosos, roupa a condizer com o estado de espírito lá saiu de casa com vontade de dizer ao mundo que queria ser muito feliz!





sexta-feira, 29 de novembro de 2013

Um dia vou escrever um romance...para já começo por um ensaio (Cap. II)

Cap II

O inverno está a terminar e Camila já sente o aquecer do sol no seu coração. O dia a dia é cada vez mais uma azafama, o trabalho de professora de História absorve-a de tal forma que já só se lembra de António, muito de quando em vez.


A campainha toca! São 8H30, mas Camila, como é costume, já está dentro da sala, à espera dos alunos para mais uma aula sobre II Guerra Mundial. Os alunos entram, sentam-se nos lugares de sempre, dão os bons dias, falam entre si, enquanto Camila, abstraída, lá vai preparando a sala de aula.
Camila começa a falar sobre um dos períodos mais importantes da história, empolgando-se cada vez mais, percorrendo os corredores entre as carteiras, interrompendo o raciocínio, cada vez que um dos seus atentos alunos faz uma intervenção.
A aula é de 90 minutos, mas alunos e professora sentem-se tão envolvidos que, sem darem conta do tempo, rapidamente soa a campainha e… amanhã há mais.
Camila continua sentada em cima da secretária, a observar atentamente os alunos que arrumam os cadernos e os livros e começam a sair lentamente e a comentar aquilo que ouviram. A professora sente-se feliz, porque percebe que eles gostaram da aula.

 Estamos a meio da manhã, hora do lanche. Na escola havia um pequeno snack bar exclusivo para os professores, mas ela gostava mais de se juntar aos alunos e conviver com eles. Era nesse intervalo que aproveitava para conversar e saber das preocupações e gostos dos mais novos. Mas nesse dia foi diferente, Camila chegou ao bar e os alunos lá estavam a rir e a conversar, como sempre, mas, ao contrário do que era costume, Camila sentiu um vazio. De repente, a sombra do António pairou sobre ela do nada, como que dando um soco no seu coração e um misto de saudades e desprezo invadiu-a. Naquele momento, ela não entendeu o que aconteceu e esqueceu esses pensamentos (pelo menos tentou), tendo entrado na conversa dos seus alunos com quem já estava habituada a falar a essa hora. Lá lhe foram contando, o que fizeram no fim de semana, as noites que passaram e o quanto se divertiram. Camila também falou do seu, que não foi muito diferente, já que gostava muito de sair e divertir-se.
De repente, olha para o relógio e já estava na hora de mais uma aula, agora com outros alunos, mas com o mesmo entusiasmo e  vontade.
Terminou mais um dia de trabalho, igual a tantos outros, mas com um sabor sempre especial, porque Camila gostava do que fazia.
Depois daquele sobressalto, no seu coração de manhã, a professora não mais se tinha lembrado daquele homem/menino que a abandonou e fez sofrer, mas agora que o dia terminou, que chegou a casa e se sentou confortavelmente no sofá, Camila pensou no que acontecera de manhã e tentou perceber o porquê, se aquela pessoa já pouco pairava no seu pensamento, já pouco mexia com o seu coração (pelo menos pensava isso).
Por uns instantes, a imagem de António tomou conta do seu pensamento e ela, que, no fundo, ainda queria saber dele, lá começou a reviver tudo aquilo que tinham vivido, todas as histórias que tinham partilhado e o quão frágil ele era. Sem que desse conta, mais de uma hora passou, ali num recordar de tudo o que tinham vivido, de tudo o que tinham feito. Ela sorria, chorava, sem se dar conta, mas estava feliz, porque o recordava com carinho, embora ele, se calhar, não merecesse.
Envolvida nos pensamentos que a levaram meses atrás, estremeceu com o toque do telemóvel. Do outro lado, uma voz meiga e terna, pergunta como está e se quer tomar um café. Ela fica atordoada, era um amigo que não via há algum tempo, mas por quem sempre nutriu empatia e, diga-se, alguém bem-apessoado. Ela ainda atónita, pelo pensamento no António e pelo convite de alguém que já não via há muito, lá disse que sim, tendo marcado para o fim de semana seguinte.
A semana decorreu normalmente, sem grandes novidades, mas Camila lá ia pensando naquele convite estranho, mas ao mesmo tempo tentador, já que ele não era de se deitar fora. A semana de Camila, dividida entre a casa e a escola, com uns cafés e uns lanches com os amigos lá pelo meio, terminou, até que o sábado chegou e tinha o seu café com o amigo José.
O despertador tocou como habitualmente às sete, mas Camila desligou porque era sábado e muito cedo para se levantar. Durante mais de meia hora ficou ali deitada a pensar no que poderia acontecer mais logo no cafezinho e os pensamentos levaram-na  a adormecer e acordar ao meio dia. Num ápice levantou-se, tomou um banho e foi tratar do cabelo, não podia falhar logo.
O dia decorreu normalmente, Camila só pensava em como iria ser. Chegou a hora de se vestir. Abriu as portas do guarda-fatos e começou a dificuldade de escolher a roupa. “Um vestido preto, fica sempre bem”, pensou, “mas podia também escolher uma cor mais apelativa”. Estava indecisa, mas lá optou pelo preto, porque era a cor com que se sentia mais confortável.
Bem estava quase na hora, já estava pronta, faltava apenas o perfume. Depois, agarrou rapidamente a chave do carro, que estava em cima do bengaleiro, fechou a porta de casa e lá foi em direção ao encontro. À chegada, o coração começou a bater e ela começou a pensar, no que iria conversar. Mas, agora já não havia tempo para pensar, nem para desmarcar.
Nove da noite, hora marcada, ela entra pelo salão de chá, em plena baixa da cidade, e ele lá está com olhar misterioso e sorriso maroto nos lábios. Ela, nervosa, tremia por todos os lados, mas não demonstrava nem um bocadinho. Lá se aproximou, cumprimentou-o com dois beijos que pareciam intermináveis e sentou-se.
- Que tomas? – disse ele.
- Um café. Não foi para um café que me convidaste?! – disse ela, num tom irónico, com voz rouca e insinuante.
Ele disfarçou e lá pediu o café. Ambos ficaram ali a conversar sobre as vidas de cada um, sobre o seu trabalho e sobre os seus projetos.
Depois do café e de mais de duas horas de uma agradável conversa, o que fazer? Ficaram os dois a discutir e decidiram-se por beber um copo, num qualquer bar da cidade e lá foram. Cá fora, embora o inverno tivesse a chegar ao fim, as noites ainda eram frias e ele, apercebendo-se que ela estava com frio, passou-lhe a mão por cima do ombro e seguiram a pé, como se de um casal de namorados se tratasse. Seguiram ambos calados, e ela começou a imaginar o que poderia ser daí para a frente. Ele era interessante, giro e muito carinhoso. De repente, já estava longe, muito longe, sendo trazida de volta à terra pela voz rouca de José que avisou que estavam a chegar. Ao entrar, ouvia-se bem alto Wake me Up, de Avicii, uma das musicas do momento que ela gostava particularmente e que percebeu que ele também era fã. Depois, foi pedir a bebida e ficarem ali a dançar, com uns toques inocentes, mas denunciadores de que a noite ainda agora começara.
Saíram do bar, o dia já queria clarear e lá foram abraçados até ao carro dela. Agora era a hora da despedida, o coração começou a palpitar e ela a pensar o que se iria passar? Pois, foi o que pensou, ele agarrou-a pelo pescoço e deu-lhe um beijo intenso, cheio de significado. Ambos ficaram ali a apreciar o momento.

- Foi uma noite muito agradável. Espero que tenha sido a primeira de muitas – disse ele.
Ela olhou-o a medo e acenou com a cabeça, concordando com o que acabara de ser dito.

Entrou no carro ainda atónita e o caminho até casa foi dominado por pensamentos. Ora o José, ora o António. “Outra vez o António? Mas que raio, ele já era”, pensava ela irritada, mas o que é certo é que não consiga deixar de pensar nele também.

Deitou-se a pensar na dualidade do seu coração e ficou à espera que ele decidisse…

quinta-feira, 28 de novembro de 2013

Um dia vou escrever um romance…para já começo por um ensaio




Cap.I

O sol brilhava, mas o vento frio gelava todo o corpo, apetecendo entrar num espaço aquecido pelo lume da lareira e sonhar. O sol era brilhante, de uma luz tão ofuscante, que enganava quem o visse de dentro de casa, tal como ele a enganou.
Ele era um jovem, jovem na idade, mas com uma vida já muito intensa, já muito sofrida, uma pessoa cautelosa, com medo, muito medo de tudo e de todos, alguém que tinha perdido o conceito do amor e da amizade. A menina, essa que tinha uma capacidade enorme de observação, lá se foi aproximando cautelosamente porque sabia que, tal como o sol que brilhava lá fora não aquecia, essa pessoa podia brilhar por fora, mas por dentro não era mais que a noite escura, doente e fria.
No entanto, Camila (era esse o seu nome) sabia que podia fazer muito por António (era como se chamava), podia reeduca-lo, mostrando-lhe novamente o conceito de amizade, fazendo-o perceber que amizade, quando o é, não magoa, que ser amigo é estar, é fazer, é dar, nunca será fazer sofrer. Ao mesmo tempo, mostrava também que amar é possível, que nem sempre se sofre, que nem sempre se erra. Um dia, António, o rapaz sofrido e desconfiado – uma desconfiança compreensível, aos olhos de quem o conhecia – lá se foi dando, interessando, mas sempre com medo, sempre demonstrando um certo afastamento, uma certa apatia, nomeadamente com Camila que estava ali sempre a segurar-lhe a mão.
Camila entendia, porque achava que essa reserva não era mais que o medo de voltar a sofrer, o receio de que a traição voltasse a assolar-lhe a memória e os pensamentos. No entanto, António era esperto, gostava de beber conhecimentos e informações aqui e ali, mas lá ia fazendo a sua vidinha de sempre. Ela gostava dele, mas apenas e só como amigo, ela sentia que era uma ajuda, ou pelo menos parecia ser e, por isso, estava sempre lá. Ele ia estando, mas só quando precisava.
Como inteligente que era, António lá foi percebendo que na vida as pessoas são diferentes, que não podem ser todos metidos no mesmo pacote, que há amizade, que há amor e que nós temos de lutar por isso.
Um dia, atrás do outro, lá foi ganhando confiança, aprendendo e percebendo que sentir amizade, sentir amor é bom. Mas houve uma coisa que ele não assimilou – que amizade não é fazer sofrer, não é afastar-se quando se está bem, mas é estar sempre. António não entendeu que a traição vai mais além do físico, que a traição é a ignorância, é o fingir, o mentir, o fazer de conta e descartar quem lhe fez bem. Ele infelizmente, não entendeu, mas a menina ficou de igual forma contente, porque, no meio da ignorância dessa pessoa sofrida, percebeu que é capaz de ser feliz sem pessoas que se dizem próximas e, na primeira oportunidade, saem de cena sem nada dizerem.
Camila apenas pensava que a vida é assim mesmo, que se conhecem pessoas, umas que ficam para sempre, outras que entram do nada e saem da mesma forma.  
A menina segue a sua vida, com a mesma vontade de ajudar, com a mesma força observadora e a perspicácia que a caraterizam e caminha rumo à felicidade verdadeira, a felicidade que encontra num abraço, num carinho, numa palavra amiga, num amigo (verdadeiro). Camila que sonhou ser feliz, conseguiu porque é sincera, simples, verdadeira e está sempre disponível para ajudar, sem esperar nada em troca.
A menina pode mudar a sua vida, mas jamais mudará a sua forma de viver, a sua forma de atuar. Camila sabe o que quer e o que quer é ser feliz e fazer os outros felizes.



quarta-feira, 6 de novembro de 2013

“Para o fim do mundo tudo se há-de ver”




Desde pequena que oiço “para o fim do mundo tudo se há-de ver”. Desde essa altura que não queria pensar no que significava a frase, porque, no fundo, isso assustava-me. Pensar que iria haver fim do mundo, que o lugar onde vivia, com as pessoas que amava iria acabar, assim do nada, sem se saber ainda de que forma.
 Ouvia também “enquanto nascerem crianças, o mundo não acaba”. Isto, de certa forma, tranquilizava-me, porque via nascerem crianças todos os dias, grávidas nas ruas, portanto ainda estava longe esse “fim do mundo”.
Ouvia também “o fim do mundo, desta vez, vai ser de fogo”. Punha-me a pensar “desta vez? Mas quando é que foi a outra? Ah aquela que vem na bíblia da Arca de Noé”. “Fogo?” – ficava novamente assustada, só de pensar que arderíamos todos, arrepiava-me.
Pois bem, agora, as crianças continuam a nascer, e continuam a ver-se coisas que realmente são do outro mundo.
Basta ligar a televisão ou o rádio e ouvir as notícias. São maridos que matam as mulheres, são pais que batem nos filhos e vice-versa, são famosos que se batem em diferentes frentes, acusando-se uns aos outros, descredibilizando-se a si próprios e às suas profissões. São os governantes a enganar o Zé Povinho, são as pessoas cada vez mais pobres, com as vidas completamente destruídas por uma sociedade que deu tudo de uma só vez e que agora retira da mesma forma brusca e rápida. Mas que mundo é este?

Mas, nestas ultimas semanas, mais chocante, pelo menos para mim, foi ver uma mãe que escondia a filha dentro da mala do carro. “Como? Esconder uma criança dentro da mala de um carro?”.- pensava eu com os meus botões, imaginando todo o cenário dantesco, encontrado pelo mecânico quando fez a descoberta e que fez questão de relatar. Hoje, vejo uma entrevista dessa dita mulher (que não sei se lhe posso chamar sequer mulher, porque tomou uma atitude desumana), a dizer que quando deu à luz a criança, deixou todos (marido e três filhos - se a memória não me atraiçoa)  irem dormir e depois fez o parto a si própria, cortando o cordão umbilical, escondendo a menina, à qual deu o nome de Serena (pudera não chorava), deitando-se de seguida. No dia seguinte, continuou a explicar, levantou-se, preparou o pequeno almoço para a família (não para a Serena que não fazia parte – digo eu) e levou os pequenos à escola. Disse ainda, com olhar embriagado de lágrimas (de crocodilo – digo eu, mais uma vez), que não escondeu sempre a menina na bagageira do carro, que a tinha muitas vezes numa divisão da casa onde nunca ninguém entrava. Então, vangloriando-se, explicou que todos os dias se levantava primeiro que toda a restante família e preparava o biberão para dar à pequena que estava lá naquele quarto escondido, sem saber porquê, nem por que razão tinha vindo ao mundo. A mãe (que não o era – digo eu) disse também que o objetivo era mantê-la viva. “Como?”, pensei eu mais uma vez. Estava a falar da sua filha, um pequeno ser que não pediu para vir ao mundo e que não merecia ser tratada como se fosse uma coisa. Mas foi tratada como tal, como um objeto sem significado. Dou comigo novamente a pensar, depois de ouvir a bizarra mulher, “o que levará uma pessoa a fazer uma coisa destas?”. Não consegui arranjar qualquer justificação, o que me veio à cabeça foi aquilo que ouvi desde pequena que “Para o fim do mundo tudo se havia de ver”. Ainda bem que esta menina, dois anos depois de viver no fim do mundo, encontra agora o mundo, o início do mundo – um mundo que espero lhe traga muitas alegrias porque a Serena já sofreu coisa que chegasse e nas mãos daquela que, à partida, lhe deveria dar todo o carinho, todo o amor que qualquer mãe (que o seja de verdade) daria.

quinta-feira, 31 de outubro de 2013

Misto de sentimentos



Hoje sinto um misto de alegria e tristeza. 
Se por um lado o meu mais que tudo (o meu pai) faz anos, por outro, faz anos que mulher da minha vida (a minha avó Camila) partiu. Teve uma vida difícil, mas nem assim se escusou a dar mimo aos seus. Foi minha companhia durante 10 anos, foi uma das pessoas que mais amei e a que mais me custou ver partir. Ficar sem ela como companhia para conversar, para dormir, não foi fácil. Mas hoje sei que ela é, há 18 anos, o meu anjo da guarda, meu e da minha irma Marla Gomes!

Parabéns pai

Hoje o homem da minha vida faz anos…. Falar sobre ele é simplesmente uma delícia, é lembrar o carinho, o amor, a ternura e a alegria que tem sempre no rosto quando a família está reunida.
Lembro-me de sermos pequenas, eu e a minha irmã, da minha mãe a repreender-nos pelas asneiras que fazíamos e ele sempre a defender-nos, dizendo “deixa lá as meninas”.
Eram os passeios intermináveis de carro, com explicações dos sinais de trânsito para que nós quando crescêssemos soubéssemos o que a estrada nos reservava, eram os lanches no café ao fim-de-semana, eram os sugos (ai os sugos….bons tempo), eram os brinquedos para as meninas…. Enfim…
Crescemos e o amor e a preocupação foram sempre os mesmos…. A preocupação da pequena estar no Porto sozinha a estudar, o ligar todos os dias, o querer saber o que comi, como passei o dia….Aliás ainda hoje é assim, comigo e com a minha irmã.
O meu pai é sem dúvida o melhor do mundo….é sem dúvida o apaixonado da família, o homem que não vive sem cada um de nós!


Parabéns pai!

quinta-feira, 24 de outubro de 2013

Ela ainda acredita



Ela andava triste, porque a vida decidira não lhe sorrir – tinha uma vida demasiadamente parada para aquilo que ela estava habituada, para aquilo que ela era como pessoa.
Tudo lhe começou a fazer confusão, os dias, as horas, os minutos, os segundos, o barulho da chuva, o silêncio da noite, tudo….
Aí, ela pensou que não podia continuar assim. A vida tinha de lhe proporcionar coisas melhores, coisas que lhe dessem conforto, alegria e sobretudo bem-estar. Ela começou a experimentar o positivismo e a acreditar que iria vencer. A vida ainda não lhe deu essa prova, mas ela acredita que há-de dar, até porque merece. Não, não é falsa modéstia, é apenas o que ela acha. Desde sempre com um feitio correto, linear, confiante, é querida por uns e menos querida por outros. Mas a vida é isso mesmo.
Ela é assim, fria quando tem de ser, calculista e ponderada na tomada de decisões, amorosa quando o momento pede, conselheira sempre, amiga e, acima de tudo, compreensível e disponível para ajudar.
Por isso, diz que merece, merece que o mundo lhe sorria, merece que lhe seja dada a oportunidade de fazer o que melhor sabe – trabalhar no que gosta, fazer o que ama!
Essa menina está triste, mas sabe que é por pouco tempo, apenas o tempo que Ele quiser, o tempo que Ele achar que é preciso. Essa menina vai esperar, com uma inquietação que não consegue explicar, com um nó que não consegue desfazer (talvez por nunca ter sido escuteira), com uma vontade de mexer, de fazer muito, de trabalhar, de fazer mais por si e pelos outros.
Essa menina, apesar das dúvidas que todos os dias lhe afloram a cabeça, ainda acredita que Ele tem o melhor guardado para si, que Ele não se esqueceu dela, apenas lhe está a mostrar que para se alcançar, tem de se esperar, tem de se saber aguardar serenamente. Uma serenidade que a ela não lhe assiste.
Ela sabe que o país está de mal a pior, que o futuro é incerto para todos, mas não quer de maneira nenhuma ter de deixar o seu país e partir à descoberta de outros mundos. Apesar de ser do país dos descobrimentos, essa menina não tem incutido essa bravura, esse gosto pelo desconhecido. Por isso, ainda acredita que no seu país, vai conseguir ser feliz, no seu país vai conseguir aquilo que tanto quer!


terça-feira, 1 de outubro de 2013

Experiências




Foram cinco meses de intenso trabalho, cinco meses de uma experiência nova e diferente, que agarrei com todas as minhas forças, com toda a minha capacidade. Ao fim deste tempo, termina, fecha-se o ciclo, mas sinto-me orgulhosa – orgulhosa de ter dado o melhor de mim, de ter feito aquilo que sabia, que podia e que aprendi. O resultado não foi o que eu esperava, mas, mesmo assim, sinto-me orgulhosa porque fiz o melhor, porque dei tudo de mim, porque conheci pessoas extraordinárias, pessoas dignas, com vontade de trabalho, com sentido de responsabilidade e que me acolheram da melhor forma possível.
Agora? Agora a batalha prossegue, a vida continua…Como? Não sei ainda…
Só sei que este período jamais esquecerei. Foi duro, muito duro (diria). Foi um período de aprendizagens, stresses, medos, risos, gargalhadas, choro, cansaço, noites sem dormir, mas, agora que passou, já sinto saudades, já é difícil regressar ao “ram ram” que se está a transformar a minha vida.

O futuro? Não sei… Mas, como diz o velho ditado, “a Deus pertence”. Por isso, há que continuar a batalhar, a tentar e a mostrar o que sei fazer. Depois as coisas acontecerão, pelo menos assim espero!

terça-feira, 3 de setembro de 2013

Sempre a Somar - não podia ser outro nome



“Há gente que fica na história da vida da gente”. Utilizo vezes sem conta esta frase e mais uma vez faz sentido, desta vez, para falar dela, da pequenina que é já uma mulher, que conheço desde que nasceu e que os meus pais tão bem criaram – fruto disso é a pessoa que é hoje.
A Sara, a menina que já é uma mulher e que agora se lança num mundo que é o seu e que, não tenho dúvidas, vai agarrar com toda a garra que a carateriza, com a garra de uma “Gomes”.
O sucesso vai ser uma realidade e sei que vai dar o seu melhor por todos aqueles que depositarem em si confiança e respeito.
Falar dela não é fácil, é alguém por quem nutro especial carinho – perdoem-me os outros primos, mas ela é ela e sabem porquê…
.A menina cá da casa, a primeira, que marcou realmente a diferença em todos nós, já é uma mulher e está a lançar-se na vida e muito bem.
Menina meiga, terna e carinhosa, com dose de garra e força para se desenrascar e não deixar que a pisem. É esta menina que agora começa uma vida nova, uma vida de sucesso!
"Sempre a Somar" é o seu projeto, um projeto que terá muito sucesso – não há dúvidas!!!!!!!!!!


Sarinha parabéns e muita, mas muita sorte!!!!!!!!!!!!!!!!!Tu sabes!!!!!!!!!!

quarta-feira, 28 de agosto de 2013

O que é a vida sem experiências?



Tudo na vida não é mais que uma experiência, que uma aprendizagem. Por mais que doa, por mais que cause instabilidade, por mais que seja confuso, por mais que custe – a vida é um conjunto de experiências, umas melhores, outras nem por isso.
Detesto ter de dar o braço a torcer e concordar com estas palavras que me dizem constantemente, mas, de fato, não vale a pena tentarmos contornar o que nos faz mal, não merece a pena, condenarmo-nos por aquilo que não correu bem. Se não correu foi porque não tinha de correr, se não aconteceu foi porque não tinha de acontecer. Podemos sofrer no momento, podemos massacrar-nos, podemos até dizer que não vale mais a pena. Mas vale, vale sempre a pena, por nós, pelo nosso amor-próprio, por sabermos que se não somos melhores que os outros, pelo menos somos iguais.
 Por isso, quem sai sem motivo, quem sai sem dar justificação, quem sai porque se acha melhor, então que saia, que desapareça. Porque uma certeza fica dentro de nós: há de voltar, há de querer falar, desabafar, mas aí, nós, os que sempre estivemos lá, estaremos agora para dar o ombro mais uma vez, mas também para dar conta do que é a vida, do que são as experiências, de que as pessoas não são trapos, não são brinquedos para usar e, como qualquer criança, quando se cansar deitar fora, na esperança de ter um outro brinquedo novo. No entanto, não podemos esquecer que há brinquedos que são perigosos, há brinquedos que nos ferem mais que uma faca, mais que uma arma. É preciso ter cuidado no que escolhemos para brincar porque, quando menos esperarmos, esse brinquedo indefeso pode tornar-se agressivo e ferir como se não houvesse amanhã.
A vida ensina-nos a valorizar o que e quem realmente importa e a desvalorizar o lixo que se aproxima de nós. Não é fácil desvalorizar, mas consegue-se, basta juntar as peças que estão nas nossas cabeças como se de legos se tratasse e perceber que grande parte do que esse lixo fez ou disse era falso, era mentira, era apenas uso em benefício próprio.
Mas o que é a vida sem experiências? O que é a vida sem um bocadinho de dor?

 Se isso não acontecesse, não daríamos valor ao bom que a vida nos dá. Por isso, vamos fazer do mal, uma experiência e do bem, uma compensação por tudo.

terça-feira, 20 de agosto de 2013

Bombeiros homens de grandes lutas





Todos gostamos do calor, do sol, dos dias tórridos de verão, mas, no que toca a cuidados, esquecemo-los completamente.
Depois, olhamos para os nossos montes, para as nossas belezas naturais e o que vemos?
Vemos tudo queimado, com um cheiro que retrata bem o trabalho daqueles homens e mulheres que passaram horas da sua vida - grande parte, sem qualquer recompensa, a não ser a recompensa do coração e do sentir-se bem - num combate desigual com as chamas.
É triste ver a cada verão a abertura dos telejornais. É o desolar de centenas de pessoas que perdem as suas coisas, as suas casas, os frutos do trabalho de uma vida. É ver os bombeiros numa correria contra o tempo, contra o vento, contra as chamas, contra um inimigo que não tem piedade, que basta aproximar e mata sem dar oportunidade de recuo.
Sempre tive respeito por estes homens e mulheres, conhecidos como os soldados da paz e são-no na realidade. No meu percurso jornalístico, tive oportunidade de “cobrir” alguns incêndios, reportando momentos, emoções, sentimentos contraditórios, lágrimas de quem perde tudo e dos homens e mulheres que não conseguem dominar as chamas – momentos que guardo e que me fazem ter um respeito especial por estas pessoas!
Aliás, todos nós temos de agradecer a quem deixa a sua casa, a sua família e as suas coisas por uma causa como esta.
Que bom que era haver um verão sem incêndios, que bom que era haver um verão sem mortes de bombeiros, sem dor, nem sofrimento nas corporações que perdem amigos, colegas e bons profissionais.


terça-feira, 23 de julho de 2013

Valores são valores e nunca se devem perder




O que hoje é uma certeza, amanhã pode não passar de uma ilusão… Cada vez mais me convenço disso… É assim, na política, é assim na sociedade, é assim nas nossas vidas, nas nossas profissões, nos nossos sentimentos… Enfim, é mesmo assim.
Quando olho para trás, recordo aquilo que, tantas vezes, acreditei que fosse certo: eram os amigos certos, as companhias certas, os lugares certos, mas que, na verdade, foram enquanto foram e agora, percebo que não são, nem nunca foram.
A vida, a idade, a maturidade fazem-nos ver o mundo com outros olhos, fazem-nos encarar a vida com outra perspetiva e perceber que apenas quem ficou, é realmente importante.
Admito que ainda acredito em muitas coisas que outros nem por isso! Acredito, porque ainda me conduzo por valores - valores que estão cada vez mais longe do comum mortal. Valores de amizade, de cumplicidade, de família, de paz e amor.
Pois é, cada vez mais, nos deparamos com um mundo de coisas vãs, de momentos apenas, de sensações que não passam disso. Na minha vida, tudo o que vivo, faço-o com a intensidade que tem de ser e com os valores que aprendi, desde pequena, com quem me educou.
Muitas vezes, oiço dizer, “hoje tudo se consegue no momento, não podemos pensar em como lá chegar. Não importam os meios, desde que os fins sejam atingidos”.  
Lamento, assim não chegarei lá…. Porque para mim, tudo conta, para tomar uma decisão, tenho de pesar bem os prós e os contra e, na minha modesta opinião - que vale o que vale - é assim que tem de ser.
É certo que estamos num mundo de leões, onde quem é mais feroz tira o melhor bocado, mas eu continuo a lutar da forma que acho que é a mais correta, com as minhas armas, que não são mais que os meus valores.
Se perco? Talvez, mas ganho muito, ganho em consciência, ganho em bem-estar, ganho em pequenos gestos daqueles que estão ali ao meu lado.

Gosto de dar, gosto de estar lá sempre que alguém precisa, gosto de aconselhar e gosto, no fim, de ver que aquilo que fiz, fez alguém melhor. Gosto de dar porque sim, porque sou assim, porque quero, porque tenho valores, porque tenho consciência de que devo lá estar sempre que for preciso…