Sentada no lado direito da cama, com o
pequeno ecrã que dá imagens à frente, mas que apenas serve para fazer barulho, dedico-me a este "papel branco" onde, com
pequenos toques no teclado, vão surgindo palavras que isoladas nada querem
dizer, mas que espero que juntas digam alguma coisa.
Inspiração não tenho tido muita, é
certo, mas o chilrear dos pássaros lá fora a anunciar a primavera - que deverá
chegar na próxima semana, embora com o tempo que tem feito, já pareça de verão –
a par dos raios de sol que entram pela janela entreaberta dão mote para
pensamentos, uns bons, facilitados pelo cenário, outros que traem a boa disposição
e fazem soltar uma lágrima.
Hoje, acordei com vontade de dizer ao
mundo que vou vencer, que vou voltar a sorrir, a rir, mesmo que o tempo se
torne cinzento e a chuva invada o meu coração.
Hoje acordei com vontade de dizer ao
mundo que, apesar das pedras que teima em colocar no meu caminho, vou vencer,
vou atirá-las para um local onde não voltarão a aparecer, para um sítio - lá no
infinito - onde ninguém, por mais que tente, vai encontrá-las.
Hoje acordei com vontade de dizer ao
mundo que vou lutar por aquilo que me é devido, vou fazer deste meu mundo um
mundo melhor!
Como? Sinceramente não sei, o que sei é
que hoje acordei com vontade de o enfrentar, de enfrentar os problemas como um
forcado enfrenta o touro numa qualquer arena.
O caminho não será fácil, aliás e
pegando na alusão anterior, nunca ouvi um forcado dizer que uma pega é fácil e
que o toiro facilita… mas o que é certo é que ele consegue e eu também vou
conseguir.
Andar, correr, saltar, chorar, rir,
sorrir apenas, enfim, são verbos que certamente acompanham o forcado no seu
percurso e que me vão acompanhar, mas, tal como o homem de calções castanhos, casaco vermelho e chapéu verde e vermelho vence frente à força
daquele animal com um peso em muito superior ao seu, qualquer pessoa consegue
ultrapassar e enfrentar as agruras da vida da mesma forma, com o mesmo empenho
e o mesmo afinco.
Depois é só esperar que a plateia, essa
que está ali nas bancadas que ladeiam a arena, se entusiasme e bata palmas à
excelente pega.
Na vida, também assim é, esperamos que a
nossa plateia esteja ali para bater palmas e a torcer para que a nossa pega seja
boa, seja à primeira e se assim não for que, ao menos, seja uma boa pega.
Que a cada tentativa, com quedas e arranhões,
tenhamos a certeza que venceremos e seremos capazes de superar e ultrapassar
essas pedrinhas que a vida teima em colocar no nosso caminho!
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