Um olhar no infinito, um olhar no atlântico,
naquela tarde de sol, onde a objectiva tentava a todo o custo, através do flash,
registar cada momento, cada sensação, mas que, por mais fotografias que
batesse, não conseguia - jamais - retratar fielmente o que os olhos viam, o que o coração
sentia.
O vento frio que arrefecia a pele, enrugava
a cara, despenteava o cabelo e a brisa que teimava em gelar cada parte do corpo
e aquecer a alma, levavam os pensamentos maus e traziam os bons, como que se de
uma onda que vai e vem se tratasse.
Uma tarde de sol, neste inverno frio,
mas quente nos afectos, foi o mote para uma ida à esplanada de um qualquer café
no Molhe, em plena Foz, naquela bela cidade que é o Porto.
Lá, na mesa do café, as conversas eram
como as cerejas, fluíam de uma forma que até dá vontade de rir.
O azul da água, lá ao fundo, separada
apenas pelo castanho da areia, era enganador!
O sol espelhava nas ondas, que batiam nas
rochas, tornando a água azul, de um azul cintilante, que em tudo fazia parecer
o verão. Só aquela brisa teimava em mostrar que era inverno, que a água, que
parecia aquecida pelo sol, estaria gelada.
Foi um turbilhão de emoções, numa tarde
de sol, onde a areia e a água eram o limite, onde as gargalhadas, as patetices,
as conversas sem nexo, ganhavam espaço… e o resto, aquilo que nos chateia, que
nos invade o ser, sem ser convidado, perdia território a cada minuto que
passava.
“As crises trazem oportunidades”,
dizia-me alguém. E é verdade, a crise dá-nos vontade de aproveitar cada
momento, aproveitar o sol, a água, a areia, tudo aquilo que não se paga, mas
que sabe tão bem saborear.
Naquele café à beira mar, percebi que há
mesmo pessoas que marcam a história e a vida da gente. Há amigos que nos
aparecem, nos marcam e nos dão aquele “help” que precisamos, sempre que aquele
sol, brilhante sobre o azul da água gélida, teima em esconder-se atrás de
nuvens cinzentas que escurecem o nosso dia e a nossa mente.
Às vezes não nos apercebemos, andamos
aborrecidos, chateados com a vida, sem sabermos muito bem porquê, sem sequer
nos darmos conta de que estamos assim. (Às vezes?? Muitas vezes… Essa é que é a
verdade). No entanto, se pensarmos bem, percebemos que, de todas as vezes que
assim estamos, há sempre alguém que aparece e nos dá a mão, alguém que não precisa
falar, não precisa explicar, alguém que nos dá apenas a oportunidade de
tomarmos um café numa qualquer esplanada, em frente a uma qualquer praia!!!
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