sexta-feira, 8 de maio de 2015

Um dia vou escrever um romance...para já começo por um ensaio (Cap. VI)




Cap. VI


O dia nasceu cinzento, Camila e José nem prestaram atenção, porque o tempo era pouco e estava quase na hora de sair de casa para apanhar o avião rumo à cidade maravilhosa.

À hora marcada, lá estavam na sala de embarque. Ao encontrarem-se, os olhos de ambos falaram, não foi preciso sequer palavras – a felicidade era visível e o amor também, embora esse tema nunca tenha sido abordado por qualquer um deles.

“Senhores apertem os cintos, o avião vai descolar”.
Camila aperta o cinto, como mandara a hospedeira e respira fundo. No seu pensamento “aí vamos nós para a aventura”.

Depois de dez horas de viagem, passadas entre leituras vãs, conversas triviais e uns carinhos, o pássaro voador aterra e a paisagem deslumbrante começa a entrar pelas janelas, adivinhando-se muito calor e dias de muita adrenalina. Mais uma vez, os olhos de ambos cruzam-se e o sorriso maroto foi notório.

Depois de mais uma hora de desembarque, pegar nas malas, apanhar o táxi e chegar ao hotel, os dois, contemplam, da varando, o Cristo Rei ali mesmo em frente, ou pão de açúcar e lá vão planeando a sua estadia.

A adrenalina é tanta que ainda mal conseguiram parar para pensar “e nós o que estamos aqui a fazer”, ou se calhar não queriam sequer pensar.

As malas começam a ser desfeitas e é nesse momento que o José quebra o silêncio. Ao ouvir a voz, Camila tremeu – tinha chegado o momento.

- Estás contente? O que esperas destes 15 dias comigo?

Ela ficou a pensar, sem saber muito bem como e o que responder. Sabia bem o que esperava e o que queria que acontecesse, mas dizer poderia não soar bem, já que viviam como casal, mas as palavras “namoro” ou “amor”, nunca tinham sido ditas por nenhum deles.

Respirou fundo, levantou a cabeça e respondeu determinada:

- Espero passar umas boas férias, junto de uma boa companhia – e provocou – é suposto esperar mais ou menos que isto?

Ele sorriu, percebendo bem onde queria chegar… Mas não quebrou e respondeu baixinho.

- Isso agora….

Virou as costas e continuou calmamente a retirar as roupas da mala, sem lhe dar qualquer importância.

Camila ficou enervada, porque sabia que fazia de propósito para a deixar intrigada e, acima de tudo, chateada.

- Bem as minhas coisas estão arrumadas. Vou tomar um banho, pegar num biquíni e vou até à praia, se não é menos um dia que aproveito. E tu, que vais fazer – provoca ela.

Mais uma vez, ele, que ainda arruma calmamente a mala, olha de canto de olho para ela, com o mesmo sorriso maroto e diz:

-Se calhar, vou fazer o mesmo que tu e já arrumei as malas…. Como vamos fazer com o banho, é que esperar um pelo outro é mais tempo perdido e o sol vai embora. Sugeres alguma coisa? Tens alguma ideia.

Mais uma vez, conseguiu colocá-la numa situação embaraçosa, ela corou, mas, com firmeza na voz, tremendo por dentro, respondeu:

-Eu não. Não estou a perceber. Esperar um pelo outro?


José levanta-se da cama, onde estava sentado a guardas as últimas peças de roupa, dirige-se a ela calmamente, agarra-a pela cintura e diz:

- Não estás a perceber, então eu vou explicar-te….


O saco da praia está pronto, o protetor solar colocado em todas as partes do corpo, o chapéu, os óculos de sol. Estão prontos para a primeira aventura em Copacabana.

Saem à rua, o calor tórrido começa a sentir-se, mas a felicidade de ambos faz esquecer o calor.
Enquanto passeiam pelo famoso calçadão, não se cansam de comentar tudo o que vêm e, entre um carinho e outro, lá vão seguindo em frente, sem vontade de parar, na areia e aproveitar o calor que se faz sentir.
Depois de mais de uma hora de caminhada, decidem que é melhor parar e beber qualquer coisa.

Sentam-se na esplanada em frente ao mar, contemplando o oceano atlântico de um azul lindo, e pedem uma água de côco. Lá vão desfiando conversa e gargalhadas, espelhando uma felicidade que nem eles conseguiam entender muito bem.
À memória de Camila vinham, de quando em vez, pensamentos de como será depois, do que irá acontecer, mas logo, os eliminava e pensava “agora é viver o momento e ser feliz”.

O José esse estava de tal forma maravilhado com o que via à sua frente que o que tinha deixado antes um dia, nem pela cabeça lhe passava.

- Bem, está na hora de voltarmos ao hotel e descansar que o dia foi longo? – disse Camila.

- Descansar? Nós não viemos para descansar….

Camila volta a corar, depois daquele inicio de tarde. “A provocar-me outra vez?”. Respirou fundo e respondeu com voz firme e em tom elevado.

- O descanso faz parte, se não o fizermos não conseguiremos aproveitar. Doutra forma, nem teríamos precisado de reservar hotel.

- Calma. Claro que precisamos de descansar, mas…. Há muitas formas de descansar…

- Há… - disse ela, levantando-se da cadeira e dirigindo-se ao funcionário para pagar.

José percebeu bem que, mais uma vez, a tinha provocado e tirado do sério, mas continuou a provocação.

- Estás a gostar?

- Sim, respondeu ela, muito.

- Então para que vamos dormir, nesta cidade maravilhosa?

- Porque amanhã é outro dia, porque temos de ter forças para conhecer esta bela cidade e porque pagamos um hotel.

- Sim e o hotel é muito bom por sinal… No pouco tempo que lá estive percebi isso. Podemos aproveitá-lo de muitas formas.

Ela olhou-o com vontade de o assassinar com o olhar, mas ele matreiro como sempre.

- Calma, vi que tem um espaço de piscina e sauna que deve ser muito agradável. Podíamos aproveitar, antes do jantar. Era isso que estava a querer dizer, desde o inicio. Não percebeste? Pensei que também tinhas visto…

Ela cada vez mais enervada, mas a tentar manter a calma para não dar o braço a torcer.

- Claro, é para lá que vou… (sorriu)

- Bem me parecia.

Os dias passaram rapidamente, sem eles darem conta e num repente era o último dia, a ultima aventura por terras brasileiras.

- Fogo, o tempo passou tão rápido. Nem nos apercebemos. Estou a adorar – conversava camila sentada debaixo do guarda-sol com José.

- Sim, tem sido uma experiencia muito boa, com uma companhia maravilhosa.

O silêncio fez sentir, ambos deram conta que estava a acabar e a pensar como seria quando chegassem a casa, qual seria o caminho. Olharam um para o outro, sabendo o que cada um pensava e José, quebrando o silêncio, disse:
- Depois? Depois, logo se vê, vamos mas é, aproveitar o tempo que nos resta e vamos dar um mergulho.

Levantou-se, puxou o braço de Camila e lá foram.

O dia passou num ápice e quando deram conta, já arrumavam as malas que amanhã bem cedo tinham de estar no aeroporto. Mal conversavam, a não para pedir que lhe chegassem isto ou aquilo. Ambos estavam receosos do que viria pela frente, do futuro. Ambos sabiam que estava na hora de decidirem. O tempo do “amigo” chegou ao fim com esta viagem.

Tudo pronto, malas ao canto do quarto e:

- Bem, vou tomar banho – disse Camila.

- Posso fazer-te companhia? – disse José, com o seu olhar doce e malicioso.

- Se pedires muito – sorriu Camila provocando, pegando na toalha e dirigindo-se para a casa de banho.

- Bom dia! Vamos lá para a realidade? – disse Camila, quando o despertador tocou.

- Hummm. Tem mesmo de ser? Queria ficar aqui para sempre, contigo.

Ela corou, mas de alegria.

Um beijo na testa, um carinho nos cabelos compridos e toca a levantar que não há tempo para mais.


A entrada nas portas de vidro eram o adeus à cidade maravilhosa, o inicio de algo novo, quem nem um nem outro sabiam o quê.



Para quem já não se lembra, ou nunca leu os outros capítulos, pode ver nos links:









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