sábado, 25 de outubro de 2014

Esquemas e esqueminhas para ganhar/perder dinheiro




Pirâmides financeiras, rodas, marketing em rede, empresas de investimento - é tudo a mesma coisa, só muda o nome. Como é que ainda há quem acredite que se consegue ganhar dinheiro fácil?! Se assim fosse, não estaríamos todos envolvidos numa coisa dessas, e mais, não estaríamos todos ricos?
Esquemas em pirâmide existem há pelo menos um século e não passa de um modelo comercial previsivelmente não-sustentável que depende basicamente do recrutamento progressivo de outras pessoas para o esquema, a níveis insustentáveis.
A ideia básica do golpe é que o indivíduo faz um único pagamento, mas recebe a promessa de que, de alguma forma, irá receber benefícios exponenciais de outras pessoas como recompensa.
Há uns cinco, seis anos, não se falava de outra coisa. Era toda a gente envolvida nesses meandros, a querer levar quem ainda não estava envolvido, de forma (diziam eles) discreta, sem nunca dizerem para o que era. Era para ir a um evento, tinha de se ter um dress code adequado e ter disponibilidade (não diziam é que era disponibilidade financeira). 
De dinheiro não se falava, porque esse era o trabalho feito por aqueles senhores de fato preto e bem apresentados que se encontravam naquelas salas de hotéis 5 estrelas, onde os eventos aconteciam, grande parte ao fim de semana. Eu nunca fui a nenhum, talvez porque quem me conhecia e lá estava, ou sabia que eu não tinha onde cair morta e portanto não iria investir, ou então sabia que se arriscava a uma resposta com uma explicação de que isso não era bom nem para eles, quanto mais para mim. Mas um dia fui abordada por alguém, que começou logo por me dizer que não era nada “de pirâmides, nem rodas, nem coisas dessas”, era sim “marketing em rede”. Eu curiosa como sou (e já adivinhando), questionei sobre o que era, o que se te tinha de fazer e qual era o trabalho. A pessoa que fez o convite arrependeu-se no primeiro minuto e disse “depois eu ligo-te para explicar melhor” – claro está que até hoje…
Nos últimos tempos não se tem ouvido falar nisso e pensei que tinha perdido força, mas ao que sei não é bem assim. Ontem tive a curiosidade de ver o Sexta às 9, um programa de informação da RTP, conduzido pela conterrânea Sandra Felgueiras, e percebi que esse tipo de negócios ganha contornos cada vez mais finos e mais aperfeiçoados e constitui-se, muitas vezes, como empresa. Deram o exemplo de uma sedeada em Macau, mas com escritórios em todo o mundo, onde se fazem este tipo de “esquemas”, aos quais os envolvidos chamam de “negócios”.
Ao ver o programa, a primeira coisa que me veio à cabeça foi “será que estas pessoas vivem num mundo à parte?”. Sim porque sabemos que estes esquemas, que existem há cem anos, prejudicam mais do que ajudam.
Nasci e cresci numa família de classe média (baixa), onde sempre me disseram “o trabalho é a única coisa que dá dinheiro. Se o queres trabalha, esforça-te, mostra o que vales, nem que para isso tenhas de engolir alguns sapos. Tudo o que seja dinheiro fácil pode vir depressa, mas vai a uma velocidade bem maior de que chegou. Por isso, não te iludas, trabalha se queres ser alguém”.
 Pois é o que tenho feito, quando tenho essa possibilidade e agarro todas as oportunidades como sendo únicas.

Esse tipo de dinheiro fácil nunca me iludiu, porque tudo o que vem assim sem se saber bem de onde, vai assim, da mesma forma.

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