Pirâmides
financeiras, rodas, marketing em rede, empresas de investimento - é tudo a
mesma coisa, só muda o nome. Como é que ainda há quem acredite que se consegue
ganhar dinheiro fácil?! Se assim fosse, não estaríamos todos envolvidos numa
coisa dessas, e mais, não estaríamos todos ricos?
Esquemas
em pirâmide existem há pelo menos um século e não passa de um modelo comercial previsivelmente
não-sustentável que depende basicamente do recrutamento progressivo de outras
pessoas para o esquema, a níveis insustentáveis.
A
ideia básica do golpe é que o indivíduo faz um único pagamento, mas recebe a
promessa de que, de alguma forma, irá receber benefícios exponenciais de outras
pessoas como recompensa.
Há uns cinco,
seis anos, não se falava de outra coisa. Era toda a gente envolvida nesses
meandros, a querer levar quem ainda não estava envolvido, de forma (diziam
eles) discreta, sem nunca dizerem para o que era. Era para ir a um evento,
tinha de se ter um dress code adequado e ter disponibilidade (não diziam é que
era disponibilidade financeira).
De dinheiro não se falava, porque esse era o
trabalho feito por aqueles senhores de fato preto e bem apresentados que se
encontravam naquelas salas de hotéis 5 estrelas, onde os eventos aconteciam,
grande parte ao fim de semana. Eu nunca fui a nenhum, talvez porque quem me
conhecia e lá estava, ou sabia que eu não tinha onde cair morta e portanto não iria
investir, ou então sabia que se arriscava a uma resposta com uma explicação de
que isso não era bom nem para eles, quanto mais para mim. Mas um dia fui
abordada por alguém, que começou logo por me dizer que não era nada “de pirâmides,
nem rodas, nem coisas dessas”, era sim “marketing em rede”. Eu curiosa como sou
(e já adivinhando), questionei sobre o que era, o que se te tinha de fazer e
qual era o trabalho. A pessoa que fez o convite arrependeu-se no primeiro
minuto e disse “depois eu ligo-te para explicar melhor” – claro está que até
hoje…
Nos últimos
tempos não se tem ouvido falar nisso e pensei que tinha perdido força, mas ao
que sei não é bem assim. Ontem tive a curiosidade de ver o Sexta às 9, um programa de informação da RTP, conduzido pela conterrânea
Sandra Felgueiras, e percebi que esse tipo de negócios ganha contornos cada vez
mais finos e mais aperfeiçoados e constitui-se, muitas vezes, como empresa. Deram o exemplo de
uma sedeada em Macau, mas com escritórios em todo o mundo, onde se fazem este
tipo de “esquemas”, aos quais os envolvidos chamam de “negócios”.
Ao ver o programa, a primeira coisa
que me veio à cabeça foi “será que estas pessoas vivem num mundo à parte?”. Sim
porque sabemos que estes esquemas, que existem há cem anos, prejudicam mais do
que ajudam.
Nasci e cresci
numa família de classe média (baixa), onde sempre me disseram “o trabalho é a única
coisa que dá dinheiro. Se o queres trabalha, esforça-te, mostra o que vales,
nem que para isso tenhas de engolir alguns sapos. Tudo o que seja dinheiro
fácil pode vir depressa, mas vai a uma velocidade bem maior de que chegou. Por
isso, não te iludas, trabalha se queres ser alguém”.
Pois é o que tenho feito, quando tenho essa
possibilidade e agarro todas as oportunidades como sendo únicas.
Esse tipo de
dinheiro fácil nunca me iludiu, porque tudo o que vem assim sem se saber bem de
onde, vai assim, da mesma forma.
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