Depois das notícias que ontem me
entraram pela caxinha mágica que dá imagens, colocou-se-me uma questão: Onde
vamos parar?
Costuma dizer-se “mudam-se os tempos,
mudam-se as vontades” e isto é cada vez mais notório.
No dia 1 de Maio, o Dia do Trabalhador,
em vez do grande destaque dos telejornais ser as tradicionais concentrações de
sindicalistas, os tradicionais protestos dos trabalhadores, as reivindicações de
quem, todos os dias, se bate para conseguir trazer dinheiro para casa, para
manter os filhos, para pagar a casa e todos os outros empréstimos que fez,
enquanto tudo foi fácil e os bancos eram os primeiros a oferecer condições para
que se fizessem créditos a torto e a direito, o que vimos ontem?! Vimos os “atropelamentos”
na cadeia de supermercados do senhor Jerónimo, aquele que é considerado um dos
homens mais ricos do país.
As imagens que foram mostradas são, no mínimo,
surreais, parecia um país do terceiro mundo… Aquelas imagens fizeram lembrar-me
outras que vemos quando os países estão em estado de sítio, quando há
confrontos ou guerras e depois há pilhagens, com as pessoas a lutarem para ver
quem leva mais coisas para casa. Foi para esse tipo de cenário que as imagens
que vi ontem me reportaram.
Eu compreendo que o país está mal, que
as pessoas têm cada vez mais dificuldade, que uma redução de 50% no valor das
compras é muito significativo, mas parece-me que o senhor Jerónimo não pensou
bem na forma de fazer a promoção.
A mim, enquanto simples espectadora de
tudo o que se passou, pareceu-me humilhante para as pessoas que - claro - aproveitaram
a promoção, mas que se sujeitaram a empurrões, má educação, falta de respeito,
mas, acima de tudo, pareceu-me desprestigiante para a cadeia de supermercados que gastou
tanto dinheiro para dignificar a marca, para colocar o nome na boca de todos,
com aquelas musicas que, sem dúvida, ficam no ouvido, e agora usa-me
esta forma mesquinha de chamar clientes. Será que era necessário?
Ver pessoas magoadas, a discutir os
carrinhos que não chegavam, a agredirem-se verbal e fisicamente (algumas tiveram
mesmo de ser assistidas nas urgências) …. Mas que é isso?! Os senhores do
Marketing da Jerónimo Martins não sabiam que isso ia acontecer?! Não previram
isso?! Se não, deviam tê-lo feito, é esse o trabalho deles.
Meus senhores, o país está mal, as
pessoas estão desesperadas, sem saber como pagar contas e resolver os
problemas, por favor, não as desprestigiemos nem as desrespeitemos ainda mais.
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