sexta-feira, 27 de abril de 2012

Carta de um jovem de hoje




Quando olhamos para o mundo que nos rodeia, que tem tudo para nos oferecer, há coisas que nos passam ao lado e há coisas que não fazem sentido, numa sociedade virada para o consumismo.
Cada vez mais, os jovens questionam-se sobre si mesmos, sobre aquilo que os rodeia, sobre o presente e sobre o futuro, sobre as suas esperanças e expectativas… As dúvidas são uma constante, são parte integrante do dia-a-dia… e muito mais, quando se fala de Jesus, Aquele que, dizem ser o Filho de Deus.

Mas... afinal, quem é Jesus? O que tem para me oferecer?
Numa sociedade que me oferece tudo o que pareço precisar para ser feliz e me realizar, como posso acreditar em alguém ou algo que não conheço, alguém que nunca me deu nada palpável?
Se a maioria dos jovens não precisa de Jesus para viver e para ser feliz, porque é que eu hei-de remar contra a maré e sujeitar-me ao gozo dos outros?
Como posso acreditar em alguém que se diz “Filho de Deus” e que morreu sozinho, no meio de malfeitores, sem que mesmo o Pai o tivesse salvado?
Quando me deparo com todas estas coisas do Filho de Deus – como é conhecido e designado –surge-me outra questão, aquela que tem a ver com os caminhos e projectos de Deus para o homem e para o mundo… Pergunto-me: em que é que isso contribui para a minha vida, para a minha felicidade, para a minha realização pessoal e profissional?
Mas há mais…Se formos mais longe, há outras questões que se nos levantam e nos fazem pensar se Ele valerá mesmo a pena.
Como posso provar a existência de Jesus enquanto filho de Deus?
Se ele é mesmo o Filho de Deus e a Deus nunca o vimos, como pode ser considerado o “Filho do Homem”?
Se Jesus venceu o pecado e a morte, porque é que ainda morremos?
Ele não nos salvou? Porque sofremos?
Se Jesus gosta de todos da mesma forma, porque é que continuamos a ver injustiças, porque é que continuam a haver pessoas a sofrer doenças incuráveis, porque é que continuam a haver pessoas a passar fome?
Não és tu Jesus que amas todos da mesma forma? Então como explicas isto?

Será que preciso realmente de Jesus para viver?
Se eu quiser mesmo seguir-lhe as pisadas, seguir o Seu caminho, como posso cativar os meus amigos a segui-lo também, sem ofendê-los ou afastá-los de mim?
Se nem os amigos de Jesus o reconheceram e tiveram dúvidas sobre a sua ressurreição, como posso eu, 2012 anos depois, vê-lo como sendo o amor e o bem?

A resposta a todas estas interrogações dos jovens está na fé, a fé em Cristo que nos salva.
Hoje continuamos a seguir os seus passos, o seu estilo de vida, a deixar-nos cativar e entusiasmar por Ele. E aqueles que são capazes de arriscar tudo para O seguir continuam a experimentar, apesar das dúvidas e momentos de obscuridade, que Ele é o “caminho, a verdade e a vida”, a luz que ilumina os nossos passos, a fonte de água viva que sacia a nossa sede de amor, de felicidade, de realização, a ressurreição que vence a morte, Aquele que carrega com a cruz para nos ensinar a levar a nossa, o jugo leve e suave que nos liberta e onde podemos encontrar descanso e alívio…
É a esta luz que interpretamos as Escrituras e aí descobrimos o projecto de Deus para o homem e para o mundo. Projecto de vida, de felicidade, de realização, porque como dizia Santo Ireneu de Lião a “glória de Deus consiste em que o homem viva”. Aí encontramos todo o amor, louco e apaixonado, de Deus pelo homem que O leva a vir ao seu encontro, a fazer aliança, a dar-se em Seu Filho Jesus a todos os homens, mas sobretudo àqueles de quem Ele mais se aproximou: os doentes, os marginalizados, os escravos do mal e do pecado…
Hoje continuamos ainda a encontrá-Lo presente quando, como a primeira comunidade nascida da Ressurreição, nos reunimos no primeiro dia da semana, para lermos as Escrituras e partirmos o pão, onde Ele se faz alimento para o caminho e nosso companheiro de viagem.

Aqueles que, na pobreza e humildade de coração descobrem este Deus amor revelado em Jesus Cristo, são depois, como dizia o Evangelho de hoje, testemunhas de tudo isto.
São-no em primeiro lugar pela vivência do amor. Quando ajudamos o próximo, quando dispensamos um pouco do nosso tempo para fazer voluntariado, quando ajudamos o vizinho nas tarefas mais simples, quando ouvimos o nosso amigo que precisa de uma palavra reconfortante ou quando vemos nos mais desfavorecidos Jesus que sofreu e se entregou por nós, em resumo, sempre que estamos disponíveis a dar-nos ao próximo, manifestamos que somos díscipulos de Jesus que amou até ao fim.
É aí que está Jesus, é aí que O encontramos, nas pequenas coisas que fazemos no dia-a-dia.
São-no também pela alegria, pela esperança, pelo optimismo com que enfrentam a vida, mesmo nos momentos mais complicados e difíceis, como estes que estamos a viver.
São-no pela defesa da vida, da vida em todas as suas formas e momentos, porque o nosso Deus é o Deus da vida.
São-no pela defesa da família, porque o Deus que seguimos em Jesus Cristo, não é um Deus solitário, distante e frio, mas é Trindade, comunidade, família, porque comunhão de amor e criou-nos á Sua imagem e semelhança.

Com o nosso testemunho de que vale a pena continuarmos hoje a seguir Jesus Cristo que nos leva até Deus, talvez outros se sintam entusiasmados a também O seguir. Sejamos nós o fermento que leveda a massa, a luz que guia e que conduz, o sal que tempera e dá sabor, para que outros vão até Jesus.


Texto de Aureliana Gomes e Vera Carvalho, com colaboração de Pe Abílio Barbosa

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