segunda-feira, 25 de agosto de 2014

Sentir-me sem me sentir – o mau feitio que me faz pensar



Há vários dias que me sinto, como que sem me sentir. Confuso? Talvez….
É assim que me sinto por estes dias, confusa, sem vontade de rumar, porque o medo de avançar na direção errada me persegue desde sempre e - tenho cá para mim - para sempre.
Ao olhar para trás, percebo que todos os passos da minha vida são pensados ao mais ínfimo pormenor, são ponderados com imensos “ses”, com imensa cautela.
Sempre fui assim, em tudo na vida. Em coisas tão simples como mudar de penteado ou escovar os dentes, na minha cabeça surge sempre o “e se…”.

São feitios… e por falar em feitios – muitos dizem que tenho mau feitio. Pergunto eu: o que é ter mau feitio?

É dizer o que se pensa sem papas na língua? É ser sincero/a? É ser-se duro quando se tem de ser? É manifestar desagrado quando se está desagradado?

É que se é isto, eu tenho muito mau feitio mesmo, admito. Não levo desaforos para casa, não deixo de dar a minha opinião, tenho o coração à beira da língua…

Muitos dizem “esse teu mau feitio….”. Pois é, tenho mau feitio, mas sei onde vou, com quem vou e para onde quero ir. Não maltrato ninguém, tenho todos os que amo comigo, e portanto os que não estão é porque não interessam para a minha vida.

Por falar em vida….

Com o tempo, temos de aprender a lidar com as situações, aprender a fazer de conta que concordamos, tentar fechar a boca, mesmo quando ela teima em não se calar.
Já tentei, já tive lutas violentas comigo própria nesse sentido, mas se consigo calar a boca, não consigo fazer o mesmo com os olhos. Sim, os meus olhos têm vida própria. Não, não sou estrábica, mas os meus queridos olhos soltam palavras mesmo quando não quero, mesmo quando estou calada. Eles são o espelho do que sinto, o espelho do que quero dizer, mas não posso. Ou seja, os meus olhos são o meu maior denunciador. Não me deixam mentir, não me deixam ocultar nada.
Concluindo, eu não tenho mau feitio, os meus olhos é que têm e contra eles não consigo fazer nada… afinal não podemos atentar contra os doentes e os meus olhos são efetivamente doentes, (têm perto de cinco dioptrias cada um)…

Ora, conclusão:

Sentir-me sem me sentir – é o que tem acontecido no meu mundo, um mundo confuso, turbulento de sentimentos, cansado de “ses” e “porquês”, de mau feitio…mas contra o qual não posso, nem quero lutar!



Sem comentários:

Enviar um comentário