Há vários dias
que me sinto, como que sem me sentir. Confuso? Talvez….
É assim que me
sinto por estes dias, confusa, sem vontade de rumar, porque o medo de avançar na
direção errada me persegue desde sempre e - tenho cá para mim - para sempre.
Ao olhar para trás,
percebo que todos os passos da minha vida são pensados ao mais ínfimo pormenor,
são ponderados com imensos “ses”, com imensa cautela.
Sempre fui
assim, em tudo na vida. Em coisas tão simples como mudar de penteado ou escovar
os dentes, na minha cabeça surge sempre o “e se…”.
São feitios… e
por falar em feitios – muitos dizem que tenho mau feitio. Pergunto eu: o que é ter
mau feitio?
É dizer o que se
pensa sem papas na língua? É ser sincero/a? É ser-se duro quando se tem de ser?
É manifestar desagrado quando se está desagradado?
É que se é isto,
eu tenho muito mau feitio mesmo, admito. Não levo desaforos para casa, não deixo
de dar a minha opinião, tenho o coração à beira da língua…
Muitos dizem “esse
teu mau feitio….”. Pois é, tenho mau feitio, mas sei onde vou, com quem vou e
para onde quero ir. Não maltrato ninguém, tenho todos os que amo comigo, e
portanto os que não estão é porque não interessam para a minha vida.
Por falar em
vida….
Com o tempo, temos de aprender a lidar com as situações, aprender a fazer de conta que concordamos, tentar fechar a boca, mesmo quando
ela teima em não se calar.
Já tentei, já tive
lutas violentas comigo própria nesse sentido, mas se consigo calar a boca, não consigo
fazer o mesmo com os olhos. Sim, os meus olhos têm vida própria. Não, não sou estrábica,
mas os meus queridos olhos soltam palavras mesmo quando não quero, mesmo quando
estou calada. Eles são o espelho do que sinto, o espelho do que quero dizer,
mas não posso. Ou seja, os meus olhos são o meu maior denunciador. Não me deixam
mentir, não me deixam ocultar nada.
Concluindo, eu não
tenho mau feitio, os meus olhos é que têm e contra eles não consigo fazer nada…
afinal não podemos atentar contra os doentes e os meus olhos são efetivamente doentes,
(têm perto de cinco dioptrias cada um)…
Ora, conclusão:
Sentir-me sem me
sentir – é o que tem acontecido no meu mundo, um mundo confuso, turbulento de
sentimentos, cansado de “ses” e “porquês”, de mau feitio…mas contra o qual não posso, nem quero lutar!
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