quinta-feira, 27 de setembro de 2012

Dia de uma desempregada




Quando dei por mim já meio ano tinha passado…. Meio ano, em que pouco ou nada fiz… Meio ano, que se resume a ler, ver televisão, espreitar o facebook, e procurar anúncios de emprego (que são quase um achado).
Meio ano de nada, meio ano perdido…. Pode haver quem diga: ‘Ainda te queixas, quando te pagam para não fazeres nada’. Pois é, queixo e sinto-me cada vez mais ignorante, neste mundo que se resume a coisa nenhuma….
De manhã é acordar, comer, caminhar um pouco (ao menos olha-se pela linha), chegar a casa comer novamente, ir ao café, regressar, sentar em frente ao pc, ver tudo e não ver nada, fazer umas pesquisas, voltar a comer, preparar o saco para ir ao ginásio (aliviar a cabeça de um dia stressante, sem nada para fazer), chegar a casa – adivinhem lá – voltar a comer e pronto, sair para tomar um café e depois de tanta agitação, termina mais um dia, igual ao de ontem, de anteontem, da semana passada, do mês passado e do próximo mês. Sim, do próximo mês, porque olhando para o cenário que nos é apresentado diariamente, olhando para o nosso país, para a situação catastrófica em que se encontra, para as medidas impostas por aquele senhor que num dia nos manda emigrar e no outro diz que “estar desempregado é uma oportunidade”,  já se sabe o futuro.
E que fazer? Sair daqui? Para onde? Quais são as ofertas? Onde esmiuçar? Onde começar de novo? Onde está a ajuda? Onde estão as oportunidades?
Perguntas e mais perguntas que pairam na minha cabeça e, presumo, na de grande parte dos portugueses. Só que o grande problema é que não há respostas, esse é o mal de uma sociedade completamente calcada pelos senhores/as do dinheiro e do poder.
É verdade que, durante anos, vivemos num sonho de fadas, num mundo que não era o nosso, onde eram só facilidades, onde as ofertas estavam ali ao sair da porta, iludindo-nos a cada minuto, a cada segundo das nossas vidas.
Agora estamos a pagar por isso, é certo, mas e quê? Será que fomos nós os culpados? Ou serão culpados aqueles que nos proporcionaram dois, três ou mesmo quatro carros à porta de casa, férias fora do país, casa de campo e casa de praia…e tantas outras coisas??
Não deveriam ser esses – governantes, União Europeia, bancos e muitos outros – a serem os mais penalizados, por terem criado ilusões nas pessoas, mesmo nas que não podiam? Não serão eles, os culpados por parte dos nossos problemas?
Quanto a mim e aos dias stressantes, quem dera que esteja enganada e que os meus terríveis dias e de tantos que estão na mesma situação, se tornem rapidamente igualmente cansativos, mas de trabalho e não de sufoco por nada para fazer!

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