sexta-feira, 5 de junho de 2009

Bazar vai afixar nome de maus pagadores à porta


Cansada das dívidas, a proprietária do Bazar Aurora, em S. Jorge de Várzea, promete envergonhar devedores

“A partir de dia 15 de Junho, vamos publicar o nome das pessoas que se esqueceram de honrar os seus compromissos”, é o que pode ler a letras garrafais na porta do Bazar Aurora, em S. Jorge de Várzea. Cansada das dívidas, algumas com mais de 10 anos, e da falta de honestidade de algumas pessoas, Aurora Cunha ameaça colocar o nome dos devedores à porta do estabelecimento comercial na tentativa de reaver o que é seu por direito.
Em declarações ao EXPRESSO DE FELGUEIRAS, a comerciante confessa estar farta de que “gozem com ela” e portanto decidiu avançar com esta medida. “Eu decidi afixar o cartaz lá fora, porque muitas pessoas ficam a dever e não pagam. Tenho pessoas que honram os seus compromissos, que têm aqui prestações e pagam direitinho, mas tenho outras que levam as coisas com o compromisso de pagarem e depois nunca mais cá põem os pés. Tenho dívidas de mais de dez anos, a essas já disse adeus”, explica, acreditando que até ao dia 15, as pessoas tomem consciência e paguem o que devem. “Acredito que algumas delas venham pagar, talvez com vergonha de verem o seu nome ali afixado”, refere.
Para já, quem passa na rua apenas lê o cartaz a avisar que o nome dos devedores será afixado caso as dívidas não sejam liquidadas até ao meio do mês, mas depois do dia estabelecido, Aurora Cunha vai mesmo afixar o nome dos caloteiros na porta e não tem medo das consequências e lembra que já não é a primeira vez que toma esta medida. “Caso até dia 15, as pessoas, que sabem quem são, não venham pagar o que devem, vou colocar sem dúvida os seus nomes à porta. Já não é a primeira vez que o faço e não me arrependo. Se as pessoas não têm vergonha de não pagar e de passarem por mim na rua como se nada fosse, eu também não terei qualquer sentimento de culpa por colocar o seu nome na porta. Não tenho medo de comentários que possam haver, só estou a pedir aquilo que é meu, não estou a roubar nada a ninguém”, diz, revelando ainda que, da última vez que colocou os nomes de alguns devedores à porta, no ano passado, a medida surtiu efeito e algumas dessas pessoas foram ao estabelecimento pagar. Questionada sobre a reacção desses que decidiram pagar as dividas, Aurora Cunha diz que nem tocaram no assunto. “O ano passado cheguei a colocar alguns nomes de caloteiros à porta e alguns, não sei se por vergonha, ou outro motivo qualquer vieram pagar. Quando aqui chegavam nem comentavam a situação, apenas diziam que vinham pagar e não queriam mais conversa”, relembra.
Com o bazar há mais de 20 anos, Aurora Cunha não se lembra de crise como esta. Uma crise que tem muitas consequências a nível económico, mas sobretudo de consciência. “Eu já tenho a minha loja há 23 anos e nunca vi crise como esta. A cada dia que passa é cada vez mais difícil receber. Mas o pior é que muitas pessoas perderam a vergonha e não têm qualquer pudor em ficar a dever. Não entendo como isso é possível”, desabafa.
A comerciante espera agora que não seja necessário colocar o nome dos devedores na porta e que as pessoas honrem os seus compromissos até dia 15 de Junho, caso contrário, a partir dessa data, na porta do Bazar Aurora vai poder ler-se o nome dos caloteiros.
Mas caso não essa situação não seja suficiente, Aurora Cunha promete não cruzar os braços e partir para o litigioso se for preciso, já que não faz sentido as pessoas fazerem dívidas desta natureza. “Da maneira que isto está, se não conseguir reaver o dinheiro das dívidas desta forma, vou ter de partir para outras possibilidades e não descarto os meio judiciais. Com o actual momento, não se pode manter uma porta aberta com tantas dívidas”.

Texto de Aureliana Gomes, in EXPRESSO DE FELGUEIRAS

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