Hoje é dia de recordações…. Faz um ano que deixei a minha casa para ir
naquela que acreditava que seria - e foi mesmo - a viagem da minha vida.
Foi, por tudo…
Pelos locais, pelo simbolismo do que vi, do que vivi, pelas companhias,
pelos amigos que levei e pelos que trouxe (bem mais do que aqueles que levei).
Foram dez dias de sonho, cansativos é certo, mas dias em que ri, chorei, me
diverti, experimentei, senti cá dentro aquilo que me ensinaram desde pequena e
que, certamente, jamais esquecerei.
Uma viagem com pessoas muito diferentes, mas todas com o mesmo propósito:
conhecer, experimentar e divertir-se.
Foram dias de uma entreajuda, de um bom ambiente que é difícil encontrar
quando se juntam 50 pessoas num mesmo espaço durante quase duas semanas. Mas
este grupo era diferente. Sem nos conhecermos, parecia que eramos próximos há
muito. Sem nunca falarmos (alguns), foi apenas preciso um pequeno espaço de
tempo para se começar a conversar e a perceber que todos eram boas pessoas, que
nada iria falhar.
Quando decidi ir conhecer os locais que sempre ouvi falar, mas que achava
inatingíveis, nunca pensei que fosse tão agradável, principalmente no contacto
com os outros!
Cada local, cada monumento, cada cidade, cada espaço – de sonho…
Na bagagem de regresso, trouxe na retina um mar que não passa de um grande
lago de água doce, um outro, onde se flutua sem esforço, onde a água branca faz
arder o corpo, em que o branco do mar contrasta com o castanho das montanhas
desérticas do outro lado…
Do que vi e experimentei, muitas das coisas pareciam irreais...
O pó do deserto, rasgado por uma qualquer estrada em asfalto preta,
parece fazer figuras reais, que não passam de imaginação da nossa
cabeça…a noite na montanha que leva, entre trilhos, ao alto do monte onde
a lei foi entregue a Moisés, as cores nas ruas que se cruzam com os cheiros a
especiarias ali à mão de quem as quiser comprar…Ao lado, os lenços, burkas e
muitas bugigangas a preços negociáveis… Ruas onde é possível ver o cruzamento
de culturas, religiões, onde uns se cobrem de mantos e outros mostram os dois
caracóis que ficam por baixo do chapéu preto….Enfim.... tudo aquilo que ouvíamos falar,
mas que, em muitos casos, pensávamos que não passava de
lendas...
Ah, e os sons??? Os sons diferentes…
Na mesma rua, cruzam-se sons de música árabe que animam as lojas de
comércio, com as rezas dos crentes que por ali fazem a sua vida.
Ao fundo, ouve-se o altifalante que, com um toque característico, avisa os
muçulmanos que chegou a hora de orar, mais à frente nas igrejas ortodoxas,
religiosos entoam cantos que dão vida àqueles locais visitados por milhares de
pessoas diariamente. Na mesma igreja, onde os ortodoxos de vestes pretas entoam
cânticos, os católicos rezam baixinho, agradecendo a Deus o seu filho….
Mas há mais….
Ainda na cidade velha, perante um muro alto, chamado das lamentações, os
judeus dão graças a Deus por tudo o que lhes deu, fazem preces, leem a Torá, e
manifestam as orações com pequenos movimentos da cabeça em direção ao dito
muro.
Enfim…. Podia encher páginas e páginas de palavras para tentar explicar o
que vi, vivi e experimentei, mas nunca diria tudo, nunca conseguiria exprimir
por palavras o que senti.
Passou um ano, mas recordo cada momento, cada local, cada explicação com se
fosse hoje.
Aos que experimentaram comigo essa viagem dizer que tenho saudades… A quem
ainda não o fez, dizer que se puderem experimentem, vale a pena!!!
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