É olhar para o lado, para os vizinhos,
para os amigos, colegas ou simples desconhecidos, a meio da tarde, num qualquer
café, ou simplesmente, na rua, para se perceber que a condição em que se
encontram é certamente a mesma – desemprego. E o pior, é que, da forma como as coisas
se têm desenrolado, o futuro não se afigura nada promissor.
A cada dia que passa que sinto mais medo
e, ao mesmo tempo, mais vontade de arriscar, mais vontade de seguir o conselho
do nosso primeiro-ministro (arrumar as trouxinhas e ir à aventura). Mas para
isso, também é preciso coragem – coragem essa que ainda não arranjei, que ainda
não quis arranjar e que, no fundo, não queria ter porque, lá no fundo (bem no
fundo, é certo), penso que o nosso país ainda tem pernas para andar. Não falta
gente inteligente, pessoas com vontade de vencer, de arriscar, com ideias de
negócio, com potencial, com capacidade. Pessoas que precisam apenas de quem
lhes dê a mão.
Penso que se, de uma vez por todas, em
vez de se pensar tanto em contas, em pagar dividas (que, atenção, têm de ser
pagas), devia pensar-se em formas de criar riqueza, de potenciar o que de
melhor o nosso país tem e, depois, com tudo isso encaminhado, então, aí sim,
pagar o que se deve, devolver a dignidade de um país, que um dia, bem lá longe, conseguiu ser grande e dominar.
Enquanto se pensar pequenino, enquanto não
houver espirito de iniciativa, o desemprego vai continuar a aumentar, o PIB a
baixar, os portugueses a “fugir” do país que os viu nascer e o país a
degradar-se e a perder-se num mundo onde quem não arrisca não petisca.
Por mais que potenciais investidores
queiram arriscar, acabam por ser barrados por burocracias, por medo do que está
para vir, por terem a sensação de cá estar tudo perdido. Mas será que cá está
tudo perdido?
Será que não temos mais nada para dar ao
país e ao mundo?
Será que já não somos inteligentes, que já
não temos a capacidade de tempos idos?
Num país de Camões, de Pessoa, de Gil
Vicente, de Eça, Bocage e de tantos outros, o que é que correu mal, em que é
que falhamos (se é que falhamos)?
Vamos pegar nesses nomes e juntar os
nossos, vamos fazer deste um país reconhecido, vamos mostrar ao mundo que este
pequeno país à beira mar plantado tem muito para oferecer, tem muito para
mostrar àqueles outros países que vivem do nosso trabalho, do nosso dinheiro e
ainda se vangloriam quando é para dizer que nos estão a ajudar…
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