O dia começou bem cedo numa viagem de duas horas que me levou até ao local já traçado – Drave, Arouca. Olhando para a temperatura, ao início dia manhã, o dia previa-se quente. E foi de facto, mas nem isso nos demoveu da caminhada de cerca de sete quilómetro de terra batida, em sobe e desce como se da montanha russa se tratasse. Logo no início -confesso- pensei que não ia aguentar. A subida íngreme estava a tirar-me as forças, mas lá dei a volta à cabeça e corda às sapatilhas e à hora estipulada lá estava eu e o meu grupo na pequenina aldeia de xisto onde ao longe se destacava a pequena capela branca. Capela onde daí a meia hora se iria celebrar uma eucaristia em honra da Senhora da Assunção porque apesar de já não viver ninguém na aldeia desde 2010, a tradição mantém-se. As pessoas juntaram-se à volta da capela, enquanto se esperava a chegada do padre que também teve de fazer um percurso de 1,5 km a pé – de carro ninguém lá chega. O padre chegou com um belo sorriso ao ver os fiéis e curiosos que ali se juntaram e deu início à celebração que contou com a participação de cerca de 50 pessoas. Enquanto uns cumpriam a tradição e ouviam a história do povo da aldeia, que perdeu a última habitante em 2010 quando essa faleceu, ali perto ouvia-se os “chapos” na água de quem escolhe as belas cascatas para passar o dia. No final da eucarística houve ainda tempo para uma pequena procissão para, mais uma vez, cumprir a tradição.
Pensei – valeu a pena o esforço, sem ainda ter visitado a beleza de uma aldeia perdida na serra. O almoço foi ali em cima de uma pedra à sombra, com a água fresca na pequena lagoa. Depois hora de explorar.
La fui eu à procura de uma casa de banho (difícil encontrar a não ser ao ar livre 😀) e foi nessa procura que subi as escadas de uma casa ao lado da pequena capela. Conversa vai, conversa vem, percebo, pelo discurso do senhor e juntando ao que tinha ouvido na homilia, que aquele que estava ali à minha frente era o filho da última habitante da aldeia. Claro, começaram as perguntas. Fiquei a saber que a porta daquela casa – que não tem casa de banho- é aberta todos os anos no dia 15 de agosto para manter a tradição. É aquele homem e a família que preparam a eucaristia, enfeitam a igreja e os andores, preparam o altar improvisado e as leituras são feitas por eles. Bem, tinha motivo para mais umas horas de conversa, mas tinha de voltar para junto do grupo e seguir na descoberta de Drave. Grande parte das casas estão abandonadas, mas há aquelas que são abertas por quem ali nasceu e viveu na adolescência todos os anos no dia da festa. De dentro de uma loja ouvimos “querem um café? É da panela”. Foi mais um momento indescritível : há quanto tempo não tinha aquela experiência? ! Bem recebidos, com uma paisagem de tela, chegou a hora de regressar. Se foi duro o regresso?! Foi principalmente por causa do calor intenso, mas se valeu a pena?! Sim, sem dúvida.
As paisagens, as experiências e a beleza da aldeia superam o cansaço! !
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