A idade e a doença levaram-te para onde terás
a vida eterna, mas deixaste cá uma linda família, uma linda história que todos
iremos recordar até, um dia, irmos - também nós - ter contigo e sermos felizes
todos juntos novamente.
Aquele homem alto de cabelos brancos, cheio de
vida, desenrascado, moderno para a idade deixou-nos sem dizer que o ia fazer.
Sofremos e vamos continuar a sofrer, mas o sorriso nos lábios, esse vai ficar
sempre quando pensarmos em ti, na tua história, na tua família, da qual me
orgulho de fazer parte.
Recupero uma história que escrevi sobre ti,
sobre a tua prol, sobre a tua vida que terminou aqui na terra dos vivos, mas
continua lá, onde Deus quer:
A história começou talvez há 70 anos atrás,
mais ano, menos ano. Dois adolescentes conheceram-se e decidiram constituir
família. Do primeiro ao 14º filho, foram precisos vinte e pouco anos.
A família foi aumentando, as dificuldades
também, mas onde todos ajudavam, nada faltava.
Não conheço verdadeiramente a história, mas
vou ouvindo aqui e ali, as coisas que eles, os que nasceram do amor daqueles
dois adolescentes, vão contando.
“Uma sardinha para três…. Uma roupa que tinha
de ser partilhada entre todos, a cama onde dormiam três ou quatro…” – entre
tantas e tantas peripécias que nos fazem pensar a nós que somos a segunda e
terceira geração.
As coisas nunca abundaram, mas, segundo eles,
também nunca faltaram. Hoje desse amor, que durou talvez perto de 30 ano, resta
ele (o adolescente alto e espadaúdo, com um ar bem jeitoso, hoje alto, de
cabelos brancos e com uma memória muito traiçoeira), e treze dos catorze
frutos.
Ela foi embora mais cedo, com quarenta e
poucos anos, deixando a família fisicamente, mas que nunca esqueceu – não tenho
dúvidas que olha por cada um de nós. Ela foi, mas deixou uma família unida até
hoje.
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