O
mundo está de pernas para o ar e essa é uma realidade, cada vez mais,
entranhada nesta nossa sociedade que parece não ter “rei nem roque”.
Os
últimos acontecimentos - a última barbárie que aconteceu na Cidade Luz - apagaram
todas as esperanças de que o mundo se possa tornar melhor.
Neste
últimos dias, muito se tem falado sobre esse Estado Islâmico, que ninguém sabe
muito bem o porquê da sua existência e, acima de tudo, qual o seu propósito.
Tomar conta do mundo? Dominar o globo? Transformar o mundo naquilo que acredita?
Usar o nome de “Deus” como pretexto?
Não
faz sentido. Cada um tem o direito e a liberdade de acreditar em quem quer e,
acima de tudo, no que quer. Estes senhores, se assim os podemos denominar, acham-se
poderosos e consideram que vão dominar o mundo. Na minha modesta opinião - que
vale o que vale - será difícil que este autoproclamado Estado Islâmico venha a
conseguir os seus intentos - intensões essas que, acho, nem eles sabem bem
quais são.
Todos
temos direito a acreditar no Deus que queremos, mas não acredito, de todo, que
estes seres, que dizem fazer o que fazem em nome de Deus, o façam com esse objectivo.
Conheço alguns muçulmanos, conheço um bocadinho - muito pouco é certo - desta
cultura, e sei que estes extremistas não são espelhos dos milhões que estudam e
acreditam no Al Corão. Sou católica porque acredito num Deus justo, terno e
amigo. Eles serão muçulmanos porque acreditam, como eu, num Deus justo, terno e
amigo. Por isso, sabem e têm a certeza que esse Deus amigo, jamais iria querer
que alguém se sacrificasse por Ele, nem que fosse carne para canhão, como esses
senhores querem fazer parecer.
Nos
últimos dias, voltou à praça pública a desconfiança e a questão da segurança no
que diz respeito ao acolhimento de refugiados que fogem de uma terra em guerra.
Para mim, este é, de facto, um assunto delicado.
Consigo perceber os dois lados, as duas
partes, aqueles que acolhem sem medo e os que se revoltam por estarmos a
acolher os que podem ser terroristas e transformar o mundo ocidental, no
entanto, sei que, no meio de tantos, muitos – a maior parte – serão pessoas que
querem apenas viver num mundo seguro, onde reine a paz e onde possam dar aos
seus filhos uma vida sem medos. Também entendo que esta nossa generosidade pode
abrir precedentes e transformar o nosso cantinho, a nossa europa, num espaço
sem regras, num continente onde se vão perder muitos usos e costumes.
Acredito,
no entanto, que o que se passou naquela sexta-feira 13, na cidade do amor, não passe
de mais um episódio de gente má, que não tem nenhum Deus, que tem apenas
vontade de fazer mal, vontade de matar só porque sim.
Está
na altura de todas as religiões, todas as crenças, darem as mãos e lutarem por
um mundo melhor, por uma sociedade de causas e valores. O problema do mundo em
que vivemos é que estamos todos – e digo todos – à margem do que se passa, só
olhamos para o nosso umbigo. Vivemos num mundo em que os políticos se fecham
nos gabinetes a tentar encontrar soluções, mas não é nos gabinetes, no conforto
dos seus lares que se conseguem essas soluções.
Está
na hora de parar, está na altura de católicos, muçulmanos, judeus, ortodoxos e
outros tantos se unirem e mostrarem que esse Deus em que todos acreditam não quer
o mal, mas sim o bem de todos, porque como um verdadeiro Pai (em todas as
crenças), Ele não pode querer mal aos filhos.