Somos animais de
hábitos…mudam-me o pão de sítio, já não tomo o pequeno almoço…
O ser humano é
um anima de hábitos e, muitas vezes, o que sai da rotina, passa ao lado. Todos
nós estamos habituados a uma rotina diária e se algo altera, temos dificuldade em
acompanhar e damos connosco a pensar, “como foi possível?”.
Somos quase
máquinas, tudo o que fazemos é igual e se foge um bocadinho, já nos vemos
atrapalhados para perceber e assimilar. Não, não falo do trabalho que o meu é
sempre diferente, cada dia é uma incógnita. Falo sim, de coisas básicas, como o
pão não estar no sítio do costume e estar à frente dos nossos olhos e, mesmo assim, não o
vermos, por exemplo….
A minha rotina
começa relativamente cedo e tudo está programado até à chegada ao trabalho….
Acordar, esperar que o despertador toque (sim, acordo sempre antes do despertador), acender a luz, ligar a televisão,
por a pé, tomar banho, vestir, pentear, por um pouco de cor na cara, para
disfarçar as manchas causadas pelo vitiligo que teimam em querer ser
protagonistas. Descer até à cozinha, tomar o pequeno-almoço, onde a saca do pão
está ali, em cima da mesa, sim em cima da mesa, à espera que alguém a abra e
rumar ao trabalho que se faz tarde.
Na viagem, o
costume… ligar o rádio, primeiro para ouvir o “Homem que mordeu o cão”, depois
notícias na TSF e, naqueles dias em que é preciso, fala-se sozinho,
questiona-se e responde-se, para se ficar mais aliviado.
O dia decorre
como o costume, sem se dar conta das horas passarem, uns dias mais stressantes
e outros menos, mas sempre a mesma azáfama…
Hora de sair, já
noite, o carro está estacionado no sitio do costume, caso não esteja, o
nosso inconsciente leva-nos para lá e só depois nos apercebemos que afinal hoje
o safado mudou de local…
No regresso a
casa, mais um bocadinho de música (se interessar aumenta-se o volume), se o dia
correu mal fala-se outra vez sozinho, para descomprimir. E porque é preciso libertar
o stress, passa-se pelo ginásio para cansar o físico e espairecer o psicológico.
Chegar a casa,
tomar banho, jantar e, se não se for tomar um cafezinho, cama que lá fora chove
muito. Olha-se para a televisão, vai-se ao facebook e, meia-noite, hora de
dormir que já é tarde.
Cinco ou seis
horas a dormi e acorda-se, novamente, à espera que o despertador toque para
mais uma rotina, para mais um dia.
O pior é quando
nos trocam as voltas….sim o pão…esse malvado que ontem, não estava lá em cima
da mesa, como de costume… fez-me ir trabalhar sem comer… e quando descubro, já
à noite, ele estava ali, noutro local, mas à frente dos meus olhos… mas o hábito
tramou-me.
Por mais que
tentemos e digamos que não, somos, sem dúvida, animais de hábitos.