Mudam-se os tempos, mudam-se os temas de
discussão…
Desde que me conheço que oiço dizer que
se sabe tudo no cabeleireiro, que é como quem diz, que lá são conhecidas todas
as fofoquices do lugar…
Mas ultimamente, estas fofoquices vinham
a dar lugar a outras discussões, também sem grande fundamentação, é certo, mas
que mostravam a insatisfação, o descontentamento de pessoas que vivem do dinheiro
ganho do suor do trabalho e a quem os senhores que estão lá na sala do
parlamento teimam em tirar…
No entanto, deparei-me nos últimos dias,
que é como quem diz nas últimas duas semanas, que o tema das conversas voltou a
mudar… Sim agora, só se fala na forma de falar da Fanny, do namorado, que
afinal é ex, que entrou não sei muito bem porquê e a quem ela trata mal, com
termos que reprovo e me recuso a transcrever, na Alexandra, que coitada, pelos
vistos, perde território (seja lá o que isso for), na Cátia que é limitada, não
diz nadinha, mas “quando são temas difíceis, fala bem”, no tatuado que manda
calar a tal da Alexandra, porque diz saber coisas sobre ela, no outro que é
grandalhão e mal-humorado e só destabiliza a casa... Enfim, uma quantidade de informação
que, pelos vistos, quase todos entendem e comentam de forma alegre e com uma
opinião formada sobre cada um dos que está lá dentro da casa, mas que, para
quem não segue, se torna difícil de entender…
O engraçado, é que se geram verdadeiras
discussões sobre a viabilidade dos concorrentes, sobre a sua postura no
programa, sobre as coisas fantásticas que dizem (que até nem me atrevo a
escrever – ouvi algumas verdadeiramente absurdas). É olhar para aquelas
pessoas, ali do sofá do dito salão, e apreciar cada uma com uma dica, com uma
achega sobre o programa e sobre quem deveria ou não chegar ao fim.
Apraz-me concluir que quem fica a lucrar
com tudo isto é o nosso “amado” e “estimado” governo, que acaba por ser
esquecido, deixa de ser alvo de críticas e chacota, porque, sem dúvida, aquela
dezena ou mais de incultos e, pelo que entendi, mal-educados, lá vai fazendo as
delícias dos portugueses e fazendo esquecer o IRS, os impostos, o aumento dos
combustíveis, as faturas e tudo o resto…
Apraz-me concluir também que, se calhar,
se a RTP se tivesse antecipado e comprado o dito programa podia muito bem não ser
privatizada, porque estaria a prestar serviço público, estaria a fazer as
pessoas esquecerem o que realmente lhes faz mal!
Confesso que também espreito de quando
em vez o referido programa, mas este último ainda não tive oportunidade de ver,
mas ao que sei, o nível é ainda mais baixo do que aquele a que o programa
habituou os portugueses. Quando faço zapping e paro lá, confesso que, cinco
minutos depois, estou enjoado com tanta falta de cultura, com tantos gritos e
discussões sem sentido.
Ganhe quem ganhar, penso que no final o
sr. Primeiro-ministro deve premiar cada um dos concorrentes por lhe terem feito
sombra durante um mês, ou lá quanto tempo é. Penso que, assim como assim, deve
usar uma parte do empréstimo da troika para dar a estes portugueses que
conseguiram o impossível, ou seja, que fizeram com o que tema de conversa deixasse
de ser a má prestação do governo e passasse a ser as barbaridades e as
discussões de uma casa – a Casa dos Segredos.
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