Pego no lápis, que não é mais que o
teclado do computador, e começo a escrever em mais um dia chuvoso, onde para
além da chuva lá fora, pouco ou nada mais há.
Cá dentro, cenário semelhante, para além
do televisor que está para ali a debitar coisas, que mal vejo, o computador vai
dando forma à minha imaginação e transformando o meu pensamento em palavras
escritas num papel branco.
Que triste fado este….
Acordo sem saber onde vou, com quem vou,
ou até mesmo se vou ou se quero ir. Será que quero ir a algum lado, será que
está na altura de dar o passo e deixar tudo, em prol do desconhecido (qual
Diogo Cão ou qual Bartolomeu Dias)?
Pois não sei, não consigo adivinhar, mas
o é certo é que tenho de ponderar isso muito bem e decidir o caminho a seguir.
Se tenho espírito aventureiro? Não, não tenho,
nem pouco mais ou menos. Gosto de arriscar, mas riscos pequenos, riscos na
minha zona de conforto, dentro do meu país (meu? Será que ainda posso dizer
isto?).
Desde sempre que me disse contra a
emigração, pensando (na altura) que quem fizesse a mesma vida cá e lá, ganharia
o mesmo. Hoje, já não posso dizer isso: é que cá não há quase nada para fazer
e o que há, o nosso querido governo teima em querer acabar.
Há dias, via uma notícia de 25 jovens
enfermeiros que tiveram de ir em busca do sonho para Inglaterra e, no meio da
dor deles e da minha, que me revia em cada um, ouvi uma enfermeira, uma menina/mulher,
que dizia algo que guardei, uma resposta perfeita. À pergunta: “Algum dia,
pensou emigrar?”, a enfermeira respondeu: “Nunca descartei, mas não era o que
queria no momento. Há dias, o sr. ministro dizia que o Estado investiu muito na
sua educação. Eu digo o mesmo. Frequentei sempre o ensino público na minha formação,
o estado investiu imenso em mim e agora que chegou a hora de eu retribuir, vou
dar o que recebi a um país que não investiu um único cêntimo em mim” – ora aqui
está uma resposta inteligente que deveria fazer os srs., aqueles que mandam,
pensar.
Sair, ir à procura de um futuro melhor,
querer mais, querer viver, parece-me que é o caminho de todos nós, aqueles a
quem um dia chamaram “geração rasca” e que agora não são mais que “geração à
rasca”. “À rasca” – é verdade, mas porquê? Que mal fizemos nós para pagar os erros
dos outros?
Pois, podia fazer “milhentas” perguntas,
mas não teria respostas, porque as respostas essas ficam-se pelas contas
bancárias de alguns….Aliás, enquanto esses senhores se vangloriam dos seus
feitos (que para eles foram formidáveis), outros, aqueles que vivem a
crise e as dificuldades, ajudam a pagá-los – e a fatura é elevadíssima.
Será justo? Claro que não, mas o que é
que é justo neste mundo? Nada…
Usando uma palavra que é só nossa - dos
portugas - é o nosso fado. É sofrer para pagar os erros dos outros… e se para pagá-los,
tivermos de nos sacrificar e ir, qual descobridores portugueses, em busca dos
sonhos, iremos, cheios de dor no peito, com lágrimas que nos lavam a cara e um
enorme aperto no coração – mas também não será mais do que uma oportunidade,
como diria o outro senhor, saído da cartola.
Minha querida compreendo te, mas aconselho te a arriscar... Força, voa, arrisca e vence!
ResponderEliminarOh Aureliana... nem sei que te diga. Realmente, isto não está nada fácil. Espero que uma porta se abra na tua vida! Vai correr tudo bem, vais ver! beijinho
ResponderEliminarObrigada!
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