Quando dei por mim já meio ano tinha
passado…. Meio ano, em que pouco ou nada fiz… Meio ano, que se resume a ler,
ver televisão, espreitar o facebook, e procurar anúncios de emprego (que são quase
um achado).
Meio ano de nada, meio ano perdido….
Pode haver quem diga: ‘Ainda te queixas, quando te pagam para não fazeres nada’.
Pois é, queixo e sinto-me cada vez mais ignorante, neste mundo que se resume
a coisa nenhuma….
De manhã é acordar, comer, caminhar um
pouco (ao menos olha-se pela linha), chegar a casa comer novamente, ir ao café,
regressar, sentar em frente ao pc, ver tudo e não ver nada, fazer umas
pesquisas, voltar a comer, preparar o saco para ir ao ginásio (aliviar a cabeça
de um dia stressante, sem nada para fazer), chegar a casa – adivinhem lá –
voltar a comer e pronto, sair para tomar um café e depois de tanta agitação,
termina mais um dia, igual ao de ontem, de anteontem, da semana passada, do mês passado
e do próximo mês. Sim, do próximo mês, porque olhando para o cenário que nos é
apresentado diariamente, olhando para o nosso país, para a situação catastrófica
em que se encontra, para as medidas impostas por aquele senhor que num dia nos
manda emigrar e no outro diz que “estar desempregado é uma oportunidade”, já se sabe o futuro.
E que fazer? Sair daqui? Para onde?
Quais são as ofertas? Onde esmiuçar? Onde começar de novo? Onde está a ajuda?
Onde estão as oportunidades?
Perguntas e mais perguntas que pairam na
minha cabeça e, presumo, na de grande parte dos portugueses. Só que o grande
problema é que não há respostas, esse é o mal de uma sociedade completamente
calcada pelos senhores/as do dinheiro e do poder.
É verdade que, durante anos, vivemos num
sonho de fadas, num mundo que não era o nosso, onde eram só facilidades, onde
as ofertas estavam ali ao sair da porta, iludindo-nos a cada minuto, a cada
segundo das nossas vidas.
Agora estamos a pagar por isso, é certo,
mas e quê? Será que fomos nós os culpados? Ou serão culpados aqueles que nos
proporcionaram dois, três ou mesmo quatro carros à porta de casa, férias fora
do país, casa de campo e casa de praia…e tantas outras coisas??
Não deveriam ser esses – governantes,
União Europeia, bancos e muitos outros – a serem os mais penalizados, por terem
criado ilusões nas pessoas, mesmo nas que não podiam? Não serão eles, os
culpados por parte dos nossos problemas?
Quanto a mim e aos dias stressantes, quem dera que esteja enganada e que os meus terríveis dias e de tantos que estão na mesma situação, se tornem rapidamente
igualmente cansativos, mas de trabalho e não de sufoco por nada para fazer!