segunda-feira, 19 de março de 2012

Olhar terno de um pai sempre presente



 Pai – uma palavra tão pequenina que tem tanto a dizer. Pelo menos, a mim.
Diz-me o que sou, quem sou, quem quero ser e representa o meu modelo de vida.
O meu pai, o homem de bigode, com o olhar mais bonito que algum dia vi e com uma sensibilidade que não encontro em mais ninguém…
É difícil falar do nosso herói, daquele que esteve, está e estará sempre lá.
O meu pai, o meu herói, o meu pequeno mundo, quem é?
É aquele que é forte quando tem de ser, mas que desmorona como um baralho de cartas sempre que lhe mexem com a família, que é, sem dúvida, o seu mundo. Um pai sempre presente, um pai tão próximo, um pai que diz “não te preocupes, nós estaremos sempre aqui”.
O meu pai, aquele que fica doente quando saímos de casa, aquele que fica triste quando as filhas e os netos estão mal, um pai que protege a mulher como poucos.
O meu pai, o homem já com cabelos grisalhos, que continua com uma jovialidade acima da média, o homem que se torna criança quando está com os netos, o homem que temos de chamar a atenção quando é o próprio a pedir aos netos para fazerem asneiras.
O meu pai, aquele a quem sempre recorri, aquele para os braços de quem fugia todas as vezes que fazia asneiras e sabia que a minha mãe me ia recriminar. O meu pai era o apaziguador, aquele que dava mimo - mimo a mais talvez.
O meu pai, aquele que nos enchia (a mim e à minha irmã) de brinquedos, de sugos e de brincadeiras.
O meu pai, aquele que fez de mim e da minha irmã aquilo que somos hoje.
O meu pai é o meu pai e, por isso, o melhor Pai do Mundo!!

quinta-feira, 15 de março de 2012

A arena da vida




Sentada no lado direito da cama, com o pequeno ecrã que dá imagens à frente, mas que apenas serve para fazer barulho, dedico-me a este "papel branco" onde, com pequenos toques no teclado, vão surgindo palavras que isoladas nada querem dizer, mas que espero que juntas digam alguma coisa.
Inspiração não tenho tido muita, é certo, mas o chilrear dos pássaros lá fora a anunciar a primavera - que deverá chegar na próxima semana, embora com o tempo que tem feito, já pareça de verão – a par dos raios de sol que entram pela janela entreaberta dão mote para pensamentos, uns bons, facilitados pelo cenário, outros que traem a boa disposição e fazem soltar uma lágrima.
Hoje, acordei com vontade de dizer ao mundo que vou vencer, que vou voltar a sorrir, a rir, mesmo que o tempo se torne cinzento e a chuva invada o meu coração.
Hoje acordei com vontade de dizer ao mundo que, apesar das pedras que teima em colocar no meu caminho, vou vencer, vou atirá-las para um local onde não voltarão a aparecer, para um sítio - lá no infinito - onde ninguém, por mais que tente, vai encontrá-las.
Hoje acordei com vontade de dizer ao mundo que vou lutar por aquilo que me é devido, vou fazer deste meu mundo um mundo melhor!
Como? Sinceramente não sei, o que sei é que hoje acordei com vontade de o enfrentar, de enfrentar os problemas como um forcado enfrenta o touro numa qualquer arena.
O caminho não será fácil, aliás e pegando na alusão anterior, nunca ouvi um forcado dizer que uma pega é fácil e que o toiro facilita… mas o que é certo é que ele consegue e eu também vou conseguir.
Andar, correr, saltar, chorar, rir, sorrir apenas, enfim, são verbos que certamente acompanham o forcado no seu percurso e que me vão acompanhar, mas, tal como o homem de calções castanhos, casaco vermelho e chapéu verde e vermelho vence frente à força daquele animal com um peso em muito superior ao seu, qualquer pessoa consegue ultrapassar e enfrentar as agruras da vida da mesma forma, com o mesmo empenho e o mesmo afinco.
Depois é só esperar que a plateia, essa que está ali nas bancadas que ladeiam a arena, se entusiasme e bata palmas à excelente pega.
Na vida, também assim é, esperamos que a nossa plateia esteja ali para bater palmas e a torcer para que  a nossa pega seja boa, seja à primeira e se assim não for que, ao menos, seja uma boa pega.
Que a cada tentativa, com quedas e arranhões, tenhamos a certeza que venceremos e seremos capazes de superar e ultrapassar essas pedrinhas que a vida teima em colocar no nosso caminho!

quarta-feira, 14 de março de 2012

Esperança





Estar em casa é uma seca – não a seca de que a ministra Assunção Cristas se queixa, juntamente com os agricultores, entenda-se.
Um dia atrás de outro e nada. Nada de esperança, nada de vontade, nada de nada.
Às vezes dou comigo a pensar em como é que há pessoas que gostam de estar em casa, sem nada para fazer? Como preferem estar em casa a ganhar a mingua que o estado dá, em vez de querer estar ali no trabalho, naquilo que de facto deve ser o motivo de uma das realizações de cada um de nós.
A mim, sinceramente, isso tira-me do sério. Saber que o dia de amanhã será igual ao de hoje e que o de depois de amanhã será como o de amanhã, não é fácil.
Se tenho coisas para fazer? Tenho pois, mas não tenho vontade, não tenho força para agarrar no que tenho e seguir em frente. O tempo é cruel, a vida mais ainda.
Nestes dias, tenho percebido que não fui feita para estar parada, para ficar isolada. Gosto de estar em casa, sozinha, isolada no meu mundo, mas por opção, quando isso acontece por obrigação, é muito complicado.
No entanto, apesar de toda a monotonia, tenho de reconhecer que há pessoas que estão aqui, mesmo ao meu lado, para ajudar a sair do fosso, para ajudar a alegrar, a rir e a fazer esquecer que a vida não pode ser encarada assim como eu a encaro.
São essas pessoas que mostram que, de facto, vale a pena tê-las ao nosso lado, vale a pena apostar nelas, e nunca deixar que mal entendidos se intrometam nas nossas vidas.
Nos últimos tempos, a minha vida tem sofrido um turbilhão de mudanças, uma imensidão de alterações que não esperava, mas que aconteceram e que tenho, a todo o custo, de superar, sabendo que, com estas pessoas, conseguirei.
Conseguirei e já hoje, amanhã e sempre. Se estes acreditam em mim, também eu tenho de acreditar e saber que, apesar de sozinha não conseguir mudar o mundo, tenho tudo para ao menos mudar o meu mundo!

quarta-feira, 7 de março de 2012

Sempre a sorrir




“A felicidade é um bem que se multiplica ao ser dividido”. Já uma vez fiz uma pequena reflexão pegando nesta bela frase e hoje faço-o, outra vez, para dizer a quem a escolheu que, de facto, é mesmo assim e que, haja o que houver, tem de ser levada ao extremo.
Às vezes a vida prega-nos partidas… Quando pensamos que somos as pessoas mais felizes do mundo, acontece algo que tenta estragar essa felicidade, que nos tira o sorriso dos lábios, que nos faz ficar com olhar distante e com as mãos inquietas, uma inquietação nunca vista antes. Mas, temos de ser mais fortes que a lembrança, mais fortes do que aquilo que teima em manter o nosso cérebro ocupado. Temos de dar a volta!
Sempre que não estou bem, essas duas pessoas estão lá para dizer “não penses assim, não sejas pessimista, não te martirizes”.
Hoje sou eu que pego nessas palavras e digo a uma delas (ele sabe quem): não te martirizes, não sejas pessimista, a vida tem destas coisas: às vezes prega-nos partidas, mas não podemos deixar que essas sejam mais fortes que nós, mais fortes que a nossa alegria.
É bonito ver no rosto de quem falo uma felicidade transcendente que se vê ao longe, que dá gosto apreciar e que, mesmo quem não o conhece, se o vir, percebe que é uma coisa intensa, um sentimento lindo de se ver.
Portanto, esta pequena pedra no sapato não pode estragar o que tens vivido, partilhado e dividido.
Onde está uma das pessoas mais positivistas que conheço? Onde está o rapaz das piadas inteligentes? Onde está o miúdo que deixa tudo para ajudar os amigos? Onde está o menino que é já um homem e que não se deixa intimidar pela possibilidade do fracasso?
Sei que não é fácil, e também sei que é fácil falar, mas sei também que és capaz de dar a volta, voltar a sorrir e fazer sorrir. Sei quem és, o que és e, acima de tudo, sei que posso contar sempre contigo, como sabes que podes contar comigo.
E para te ajudar neste momento tens todos os que amas: a família, a tua mais que tudo e os amigos – sempre lá para o que precisares.
Quanto a mim dizer apenas, uma frase que adoro e que se adapta ao que sinto por ti e pela tua esposa: “Há dias que marcam a história e a vida da gente” – sem dúvida, vocês marcaram a minha.

terça-feira, 6 de março de 2012

Portas de vidro com faixas verde florescente






Portas de vidro com faixas verde florescente que identificam o local por onde muitos portugueses têm de entrar…
À entrada, o segurança pergunta, apenas por respeito (já que sabe claramente do que se trata), para que é, mas já com o dedo no botão certo.
Depois é sentar e esperar que o número que nos foi atribuído apareça no LCD colocado estrategicamente em frente às cadeiras.
Lá ao fundo, duas secretárias, com dois funcionários que atendem cada um que se senta à sua frente. O discurso tão bem sabido, repetido dezenas de vezes a cada dia que passa, é praticamente sempre o mesmo. Depois de colocarem todos os dados no computador, há que falar nas “três obrigações que não pode esquecer nunca e que tem cumprir”.
Eu sentada na cadeia, à espera que o B 010 aparecesse no ecrã mesmo ali à minha frente, coloquei os ouvidos à escuta para o poupar de repetir, mais uma vez, o mesmo discurso e a mim me poupar de voltar a ouvir aquilo que tem de ser, mas que não estou com vontade nem paciência para saber.
Meia hora depois, o som do televisor avisa todos os que lá estão cansados de esperar, apesar de cá fora pouco ou nada terem para fazer, que é hora do próximo se sentar noutra cadeira - aquela ali perto do funcionário que voltará a repetir o mesmo discurso, mais uma vez.
 É agora a minha hora, o número B 010 aparece finalmente, naquele ecrã preto, ali mesmo à minha frente.
Levanto-me e depois de uns quantos passos apressados (embora não tivesse pressa, queria era sair rápido daquela lugar), sento-me em frente ao funcionário que faz duas a três questões, identifica o meu processo e na hora de me fazer o discurso de “há três obrigações….” diz “Mas isso você já sabe”.
Parece que leu o meu pensamento e eu agradeci, porque já tinha ouvido aquelas palavras, já sabia de cor o que tenho de fazer daqui para a frente e que – espero – tenha de fazer por pouco tempo.
Depois de cinco minutos na tal cadeira, em frente ao senhor que tinha uma particularidade (um problema de pele que me é familiar), levantei-me e ele, com ar muito simpático (ainda era cedo, não estava cansado de dizer sempre o mesmo) disse: “Boa sorte e vai vai ver que vai ser por pouco tempo. Já da outra vez assim foi”.
Agradeci e com um sorriso nos lábios e uma dor intensa por dentro, saí por aquela porta de vidro transparente, com a faixa verde florescente que indica que é ali que muitos portugueses vão parar.
Agora o caminho vai ser trilhado de forma a cumprir o que disse o senhor “pouco tempo”.

domingo, 4 de março de 2012

Uma dor intensa mas passageira



 Um dia tive um sonho e o sonho tornou-se realidade. Uma realidade que vivi tão intensamente quanto pude, uma realidade que levei ao extremo, que me fez feliz, que me fez sentir, muitas vezes, num mundo irreal, onde as coisas aconteciam e eu pensava “será verdade?”, tal era a intensidade e a beleza com que eu (que sempre tinha tido aquele sonho) as vivia.
Um dia tive um sonho e o sonho tornou-se realidade, uma realidade que me levou, por um lado, a conhecer pessoas fantásticas e, por outro, a estabelecer relações mais fortes com outras que já conhecia, mas que o sonho aproximou.
Um dia tive um sonho e o sonho tornou-se realidade, uma realidade que me levou a ter experiências fantásticas, com pessoas mais fantásticas ainda, que me levou a conhecer novos locais, novas realidades, outras vidas, outras experiências – uma realidade que tinha sido um sonho e que adorei viver cada minuto, cada segundo.
Um dia tive um sonho e o sonho tornou-se realidade, uma realidade que, muitas vezes, o transformou  em pesadelos (mas que passavam com a mesma  velocidade com que entravam)… pesadelos compensados com a concretização de tantas coisas boas.
Agora esse sonho está nessa fase, a fase de se querer transformar em pesadelo, mas, com todas as minhas forças e com todos aqueles que estão à minha volta, vou voltar a fintá-lo e a fazer dele sonho….
Que esse sonho que, desde sempre comandou a minha vida (tal como diz António Gedeão, em “A Pedra Filosofal”) se mantenha aceso dentro de mim e se volte a transformar rapidamente em realidade, uma realidade que me fará feliz, uma realidade que fará os meus olhos voltarem a brilhar!