segunda-feira, 11 de fevereiro de 2008

Soninha deixa saudade entre amigos, depois de morte trágica

União Desportiva de Várzea ficou mais pobre

Centenas de pessoas assistiram ao último adeus à pequena Sónia Catarina Moura, de 12 anos, que morreu, na passada quarta-feira, dia seis, atropelada, perto de casa, na freguesia de Torrados.
A jovem atleta da União Desportiva de Várzea (UDV), ainda foi transportada pelo INEM para o hospital de S. João, no Porto, onde permaneceu na Unidade de Cuidados Intensivos, mas não resistiu aos ferimentos.
A morte da "Soninha", como era conhecida, provocou a consternação geral nos familiares e amigos, que compareceram em peso no funeral, entre eles os colegas da UDV, aos quais se juntaram outros desportistas, de várias colectividades do norte do país.
Envergonhada e introvertida, a pequena Sónia, num ano de actividade na colectividade, conseguiu cativar a atenção de todos. Adriana Leite, atleta de 13 anos e amiga da Sónia, salientou que se tratava de " uma menina de quem todos gostavam". "A Sónia era muito tímida, se não metêssemos conversa, ela ficava no cantinho dela. No entanto, depois de ganhar confiança era muito simpática e falava muito. Além disso, era uma criança muito alegre, que ria por tudo e por nada", lembrou, dizendo também que, pelas suas características, era conhecida junto dos colegas, como "a Soninha". "Era uma forma carinhosa de tratar uma das meninas mais novas do grupo e também porque ela era muito pequenina e fofinha", recordou. Ainda segundo a atleta, a notícia do acidente chocou a todos os corredores, que tiveram dificuldade em retomar os treinos. No entanto, na segunda-feira, voltaram à estrada e prometem fazer o melhor para dedicar todas as vitórias à amiga. "Só na segunda-feira é que voltamos a treinar. Custou muito, mas estamos a dar o nosso melhor para conseguirmos muitos prémios para lhe dedicar. Ela merece isto e muito mais", frisou.
Mas não era apenas entre os atletas mais novos que a jovem se evidenciava pela simpatia e alegria no olhar. Filipa Dias, de 24 anos, fala da Sónia como uma "menina meiga e simpática" que jamais esquecerá. "Era uma criança muito envergonhada e tímida, mas como era das mais pequeninas e mais gordinhas puxávamos muito por ela. A sua morte foi um choque muito grande, ela era muito querida. Era a nossa Soninha", disse, prometendo treinar muito para lhe dedicar os prémios que conseguir no futuro.
Consternado e visivelmente abalado com o acidente ficou também o presidente da colectividade, Joaquim Machado, que recorda a desportista como a “mascote da equipa”. "A Sónia era muito amorosa, era a nossa mascote", disse, explicando que se tratava de uma criança inibida, mas em quem, ao longo deste ano, se notou um desenvolvimento físico e intelectual muito grande."Esta era uma das crianças mais reservadas do grupo, para lhe arrancarmos uma palavra era preciso saber dar-lhe a volta. Mas, ultimamente já se via nela um franco desenvolvimento físico e social", frisou, lembrando o último prémio que ganhou. "A Sónia estava a progredir muito como atleta, todos os dias se viam melhorias na forma como treinava e participava nas provas. O último título dela foi o terceiro lugar, no campeonato regional de Paredes, no dia 2 de Fevereiro", recordou.
À semelhança do que acontece com os cerca de cinquenta atletas da UDV, a jovem tinha seguro. Segundo o presidente já foi feita a participação à seguradora, aguardando-se uma resposta nos próximos dias.
A União Desportiva de Várzea pondera, no futuro, a realização de uma homenagem à atleta, no entanto, para já, vai ser feito um dossier com todos os pertences da jovem, enquanto atleta da UDV. "No futuro temos de pensar em formas de homenageá-la, mas, no imediato, vamos juntar todas as coisas dela e entregar aos pais", disse. Apesar do momento difícil que o clube está a atravessar, Joaquim Machado diz que tem de haver força da direcção e dos corredores para continuar a trazer para Felgueiras os melhores prémios do atletismo. "Este é um momento muito mau, mas a vida não pode parar e não podemos deitar a toalha ao chão, temos provas muito importantes e temos de continuar a dar provas do nosso trabalho, sempre a pensar na nossa menina".
Refira-se que o acidente aconteceu segundos depois do treinador, Carlos Mendes, que normalmente transporta os atletas no final dos treinos, a ter deixado em frente a casa, cerca das 21H00.
A missa de sétimo dia realiza-se esta sexta-feira, pelas 19h00, na Igreja Matriz de Torrados.


Texto publicado in Expresso de Felgueiras

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2008

Atleta da UDV perde a vida aos 12 anos

Hoje vou publicar um texto do blogue da União Desportiva de Várzea que está de luto, depois da morte de uma das suas atletas, a Sónia de 12 anos, que perdeu a vida após um treino, atropelada em frente a casa....Mais um caso que nos faz repensar na nossa passagem por este mundo...

Texto de Liliana Duarte, no Blogue http://uniaodesportivadevarzea.blogspot.com/:


Acredito, que naquela noite gélida do dia 30, no auge dos teus 12 anos, naquele momento em que se deu a tua queda, nesse momento em que tudo ficou suspenso... não te foste embora. Inicias-te uma viagem... foste para casa. Talvez Deus tenha sentido a tua falta. Se é verdade aquilo em que acredito (que me parece a única explicação plausível para alguém partir dessa maneira), imagino-te num espaço novo, num empolgante rasgar eterno renovado em manhãs de glória. Que coisas existirão nos espaços abertos daquela noite gélida que nos faz lembrar a batalha perdida, contra a qual teimosamente tentamos lutar??? Quem me dera que estas palavras tivessem o poder de apaziguar toda a dor que nos rodeia...Às vezes parece-me tudo ainda demasiado irreal, talvez fictício... mas quando me apercebo da realidade, da fragilidade e fugacidade da vida humana, sinto a alma adormecida e amordaça por milhares de pesadelos juntos... Uma revolta e raiva sufocantes, uma angústia prolongada pelo tempo, uma eterna ânsia de voltar a ver o teu sorriso... É confuso ver raízes promissoras de futuro partirem na noite escura... No rosto daqueles que te amam abre-se um fosso de silêncios cerrado pelo vazio... Tudo parece moribundo, estúpido e inútil... Silêncio absoluto.. O silêncio diz tudo, vale mais que mil palavras articuladas embora não costumemos inclui-lo na nossa escala de sons sinfónicos. É o acorde de uma sinfonia inacabada, é o mais antagónico de todos os sons.Medito sobre o que se passou... tento combater a incerteza com uma arma carregada de nadas. Há alturas em que nos sentimos seres pequenos, insignificantes, inconcretos... De repente um medo inesperadamente abstracto detêm-se ao nosso lado... Quem me dera mudar o inútil que se adivinha e transformá-lo num renovado amanhecer para toda a gente... Por vezes apenas consigo um sono inquieto e frio. Amanhã não sei se eu ou todos nós continuaremos aqui, é tudo uma incógnita.Neste momento acredito que estejas bem.Agora, a estrela mais brilhante que existe no Céu ÉS TU!
O rio mais longo que existe na terra e corre para o Mar ÉS TU!
Porque TU nunca deixarás de brilhar nos nossos Corações!
Não deixarás de correr no nosso Olhar!
Até sempre!